Sinopse: Valéria, uma jovem doce de 18 anos, vê sua vida virar de cabeça para baixo após perder sua mãe, Laura, em um trágico acidente de carro. Abalada e vulnerável, ela é forçada a deixar tudo para trás e ir morar com o pai, Otaviano, um CEO frio, calculista e autoritário, conhecido como "mão de ferro". Sem qualquer laço afetivo com ele, Valéria se vê sozinha no mundo, mergulhada na dor do luto e na ausência de acolhimento. Ao chegar à nova casa, ela conhece Matheus, seu meio-irmão de 28 anos. Um homem arrogante, provocador e misteriosamente possessivo. Desde o primeiro momento, ele torna sua vida um verdadeiro inferno, implicando com cada atitude da garota. Mas por trás das provocações, existe algo mais? Um sentimento proibido pode nascer em meio ao caos? Será que Valéria conseguirá sobreviver ao luto, à rejeição... e ao amor inesperado?
Ler maisValéria narrandoSubi as escadas com as pernas bambas e o coração feito um tambor descompassado. Me sentia invadida por dentro, como se cada parte de mim tivesse sido tocada de um jeito que eu não tava pronta pra encarar. O beijo dele ainda pulsava nos meus lábios como uma lembrança viva — urgente, intensa, confusa.Fechei a porta do quarto devagar, encostando a testa na madeira por um instante. Não chorei. Não conseguia. Era como se as emoções tivessem se embolado dentro de mim, impedindo qualquer lágrima de escapar.Tirei os sapatos, a roupa. Joguei tudo no chão como quem tenta se livrar de um peso que não sai da alma.Deitei na cama.Mas dormir era uma mentira que meu corpo não ia contar.Virei de lado, de costas pro mundo. A respiração descompassada e os pensamentos em looping. A frase dele ecoava sem parar:"Foi o primeiro erro que me fez sentir vivo em muito tempo."E eu? Me sentia meio morta. Meio viva. Inteira confusa.Talvez porque ele me beijou como se fosse o último respiro
Matheus narrandoA porta do meu quarto bateu, mas o som não abafou o que ela disse."Não é agora que vou depender de você."As palavras ficaram ali, rondando a minha cabeça como um enxame de abelhas irritadas. Tirei a camisa, joguei no canto, mas o calor dentro de mim não vinha do álcool. Era raiva. Raiva dela. De mim. Do mundo inteiro.Valéria.A menina com cara de calma e alma de furacão.Eu queria dormir. Queria apagar tudo. Mas minha cabeça latejava, e meu coração parecia engasgado num grito. Me joguei na cama, mas não durou dois minutos. Levantei. O gosto amargo na boca não era da bebida. Era dela. Da discussão. Da verdade esfregada na minha cara sem anestesia.Desci as escadas de novo, sem saber se queria pedir desculpa ou gritar mais. Mas ela ainda estava lá, na sala. De braços cruzados, respirando pesado. Como se tivesse acabado de sair de um campo de batalha.Ela virou o rosto assim que ouviu meus passos.— Esqueceu alguma ofensa pra me jogar na cara? — ela perguntou, fria.—
Valéria narrandoEle entrou rindo, tropeçando no próprio ego, com uma mulher pendurada no pescoço e um cheiro de álcool barato que me deu náusea. A porta ainda nem tinha fechado direito quando ele soltou a frase:> "Relaxa, é só a filha legítima do velho."Aquelas palavras vieram como soco. Frias, calculadas, afiadas.Levantei devagar, encarando aquele homem torto na minha frente. Ele mal conseguia parar de pé, mas a língua dele... afiada como uma faca.— Você acha isso bonito? — perguntei, minha voz saindo mais firme do que eu esperava. — Essa entrada de cena digna de um playboy de quinta?A garota do lado dele arregalou os olhos, desconcertada. Tentou rir, sem graça, e soltou um "acho que vou no banheiro", antes de desaparecer pelos corredores da casa. Covarde.Ele me encarou, com aquele olhar de quem tá entre a ressaca e a arrogância.— Achei que você fosse muda. Vive pelos cantos, lendo esses livrinhos e fingindo que não sente nada.— E você vive fingindo que sente demais — rebati
Matheus narrando"Minha ex-mulher faleceu."A frase doeu no ar, como se tivesse sido dita de propósito para me paralisar.Por um segundo, pensei ter ouvido errado. Minha mente demorou a conectar as palavras. Ex-mulher. Falecimento. Morte. E então veio o nome.— A Laura…? — minha voz saiu baixa, quase num sussurro.Otaviano apenas assentiu. O olhar fixo em mim, como se esperasse alguma reação mais explosiva. Mas eu fiquei ali, calado. Estático.Laura.Eu não a via há muitos anos, mas sempre soube que ela existia em silêncio, em alguma parte da cidade. Como uma memória trancada em algum porão da minha mente.— Acidente de carro — completou ele, como se a explicação resumisse tudo. — Está sendo enterrada hoje mesmo. Foi tudo rápido.— E sua filha , Valéria? — perguntei, antes que pudesse me conter.— Está vindo pra cá. Vai morar conosco — ele disse como quem lê uma nota fiscal. Sem dor. Sem pausa. Sem alma.Meu sangue gelou.Valéria.A filha da mulher que ele destruiu, a garota que cres
VALÉRIA NARRANDOO portão se abriu lentamente, como se soubesse que estava prestes a engolir alguém que não pertencia àquele mundo. O segurança mal me olhou nos olhos , apenas liberou a entrada com um gesto automático. O carro de Eduardo deslizou pela rua interna do condomínio como um intruso. Tudo ali era calado demais, limpo demais, irreal demais.Era como estar num daqueles filmes de drama onde a protagonista é arrancada de sua realidade e jogada numa vida que nunca pediu.Quando o carro parou diante da casa, senti minhas mãos suarem. Não pelo calor, mas por medo. Medo de encarar o homem que sempre foi só um nome nos documentos, uma lembrança distante nos olhos da minha mãe quando falava sobre “o erro que não repetiria”.Eduardo desceu primeiro. Deu a volta e abriu a porta pra mim.— Vai dar certo — ele disse, mas até ele soava como se não acreditasse nisso.Respirei fundo. Saí.A casa era enorme, de vidro e concreto. Nada ali lembrava lar. Era tudo muito moderno, muito caro, muito
MATHEUS NARRANDO Estou parado diante da janela panorâmica do edifício Araújos, a sede da construtora da qual sou um dos donos. O sol começa a se esconder atrás dos prédios da cidade, tingindo o céu com tons alaranjados que invadem minha sala silenciosa.Lá embaixo, a cidade pulsa. Carros apressados, pessoas correndo para algum lugar, vidas passando como vultos… e eu aqui, imóvel, com o olhar perdido no horizonte.Pensativo.É raro me ver assim.Nunca fui de me abalar , nem com perdas, nem com cobranças, e muito menos com as ameaças veladas do meu padrasto, Otaviano.Mas dessa vez, ele passou dos limites.— Casamento arranjado… comigo? — murmuro, debochado, como se dissesse a coisa mais absurda do mundo.Otaviano quer unir a empresa a uma das famílias mais ricas e influentes da cidade, os Ferraz de Andrade. E a moeda de troca sou eu. Matheus. O maior mulherengo da cidade. O homem que já passou por mais camas do que a maioria das pessoas passa por portas. O cara que não se prende nem a
Último capítulo