Olívia Narrando.
A noite foi longa.
Mas não dormi.
Fiquei sentada no chão por horas, abraçada às próprias pernas, encarando a porta por onde ele saiu.
O quarto escureceu com o fim das velas.
O ar ficou gelado.
E tudo dentro de mim parecia morto.
Quando os primeiros raios do sol atravessaram as frestas da cortina, eu ainda estava ali.
A cabeça doía.
O corpo pesava.
Mas mais que tudo… o peito parecia oco.
Levantei devagar, sentindo as pernas fracas. Caminhei até o banheiro, lavei o rosto. Encarei o espelho.
Me vi.
Mas não me reconheci.
A mulher no reflexo estava com os olhos inchados, a alma esgotada.
Troquei de roupa sem pensar.
Só vesti algo simples.
E desci.
A casa de campo onde estávamos hospedados era enorme, cheia de janelas abertas e móveis brancos.
Tudo silencioso.
Quase tudo.
Ouvi vozes baixas vindo da cozinha.
Caminhei devagar.
Cada passo doía.
Otávio estava lá. Sentado à cabeceira da mesa de café da manhã.
O jornal à frente dele. O café servido.
Ele