Otávio Narrando
Olívia entrou na minha sala com aquela expressão fechada de quem ainda queria me matar. A cada dia ela parecia mais decidida a me ignorar… mas, por algum motivo que nem eu sabia explicar, aquilo só me deixava ainda mais tentado a provocar.
Mas hoje não tinha espaço pra brincadeiras.
— Preciso que arrume a agenda. — Falei, direto, enquanto ela deixava a papelada sobre a minha mesa. — Temos uma reunião importante amanhã, em outra cidade. Vamos sair bem cedo e voltamos no mesmo dia.
Ela ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços.
— Eu preciso mesmo ir?
Assenti.
— Precisa. A cliente gosta de ter todos os envolvidos na negociação. E você tem sido essencial nisso… queira admitir ou não.
Ela apenas bufou, virou as costas e saiu.
[...]
No dia seguinte, a viagem começou em total silêncio.
Ela ao meu lado no carro… mexendo no celular, de cara fechada… e eu fingindo que o trânsito era a minha maior preocupação, quando na verdade o que me desconcentrava era o cheiro dela