Olivia Narrando.
— Pai... me dá mais um cartão?
A voz dela vinha acompanhada de um sorrisinho que já não me enganava — mas que continuava derretendo o coração do Otávio como no primeiro dia em que ela aprendeu a dizer “papai”. Isadora, aos dezoito anos, era a definição perfeita de uma menina mimada, mas adorável. E não havia uma alma viva que conseguisse dizer "não" pra ela. Muito menos o pai.
— Mais um, meu amor? Você já tem dois — comentei, franzindo o cenho, mesmo sabendo que seria inútil.
Otávio deu um risinho baixo, tirou a carteira do bolso e estendeu o cartão com a mesma devoção de quem entrega um anel de diamantes.
— Toma, minha princesa. Mas olha lá, hein? Só o necessário.
— Juro que não vou exagerar! — disse ela, dando um beijo estalado na bochecha dele e saindo radiante pela casa.
Suspirei. Nada novo.
O cheiro de comida caseira invadia a casa. A mesa de madeira grande estava posta, rodeada por vozes queridas. Meus pais estavam ali, já mais frágeis, mas com os olhos