Capítulo 4 - Formatura (Novo Ciclo)

Enfim, minha formatura estava chegando. Não tinha dinheiro para o vestido, d. Letícia, uma senhora de 70 anos, morena, olhos verdes, muito bonita, elegante e viúva, que me deu o vestido novo, gostava de mim como uma filha, sempre me incentivou a estudar, o que eu fazia com gosto, diferente da Melissa, que todos chamavam de Mel, uma morena de olhos mel, corpo esguio, alta, 25 anos, sua filha que só gostava de esbanjar dinheiro em festas, baladas. Não tive condições de participar do baile, mas isso também eu não me importava, embora d. Letícia insistiu para me dar de presente, mais não achei justo e também não queria confusão com Mel, tinha ciúmes da mãe comigo, embora nos déssemos muito bem, o importante é que eu estava formada, poderia arranjar um emprego melhor e ajudar minha família, nossa vida não era tão ruim comparada a muitas famílias que tinha no morro, porque meus pais tinham chefes ótimos, viam serem de boa índole, tinham caráter e faziam de tudo para ajudar as pessoas necessitadas também.

Chegado o grande o dia, ansiosa para pegar meu diploma, estávamos sentados após ouvir as palavras do Reitor, nosso paraninfo foi o professor Lucas, que Simone, minha amiga de sala, 24 anos, ruiva, olhos castanhos, bem magrinha, super extrovertida, insistia em dizer ser doido por mim, mas não acreditava nisso, ele não me atraia, nunca olhei para ele com toda essa atenção, coisa que Simone e a Céia achavam um absurdo, só de lembrar delas me atormentando, já reviro os olhos. Só esperando a hora de ouvir o meu nome, então, eu escuto Sara Aparecida dos Santos Silva, meus pais em pé, chorando com muita emoção, porque nós 3 sabíamos do esforço, da batalha para chegar até o final. Quando cheguei perto de Lucas, me entregou o diploma, me deu um abraço e disse:

— Você é a formanda mais linda da turma, aceita jantar comigo? -Levei um susto, porque não esperava, fiquei olhando para ele e logo atrás de mim, estava Simone, que só me olhou e disse sem som “te falei”. Não respondi e sai, afinal tinha que entregar o diploma para os outros e não sabia o que responder.

Depois, da colação de grau estávamos conversando. Simone era de família de classe média alta e não tinha preconceito comigo por ser morro, pelo contrário adorava isso, porque amava funk, vivia subindo o morro para curtir o baile e dormia em casa ou na casa da Ceía, meus pais a adoravam. O Lucas se aproximou, perguntando a resposta para seu convite.

— Não posso aceitar.

— Por quê? — Lucas pergunta sendo incisivo.

— Simone e Céia querem que eu vá com elas comemorar a formatura.

— Vai jantar com ele Sara, depois ele te deixa em casa e comemoramos! Levo seus pais para casa, vamos d. Maria e seu João! — Disse já carregando meus pais, me dando uma piscadinha, eles ficando sem ação, sem saber o que dizer, mais seguiram Simone.

Naquele momento fiquei sem graça, mas não tinha como recusar mais. Chegamos ao restaurante italiano, adoro massas foi a melhor escolha, ele pediu um vinho, não estou acostumada a beber muito, mas me disse que a ocasião merecia, afinal eu estava formada.

— Somente uma taça para brindarmos! — Disse sorridente.

Conversamos animadamente, falamos da faculdade, de futuro profissional. Até que ele fica parado me olhando, comecei a sentir um frio na espinha, nunca fiquei sozinha com homem algum, com exceção do Joca me prendendo na parede e ainda mais me olhando daquele jeito. Chegou nossos pratos dele spaghetti com porpeta e o meu de nhoque. Começamos a comer, concentrada em meu prato, até que ele não resiste e quebra o silêncio.

— Sara, nunca te falei nada, mais gosto muito de você. — Diz me olhando firme nos olhos.

Fiquei estática olhando para ele sem reação nenhuma. Não sabia nem o que eu podia dizer naquele momento, Simone com certeza saberia como agir. Peguei minha taça de água e dei um grande gole como se isso fosse me ajudar em algo.

— Você não vai falar nada? Vai ficar me olhando com esses seus olhos verdes intensos?

— Lucas, não sei o que dizer! Nunca te olhei com outros olhos, te tinha como um amigo querido além do professor do curso, claro.

— Fica comigo? — Fala direto.

— Lucas…

— Não gosta nenhum pouco de mim? Sou feio para você? — Disse com aquele olhar do gato de botas.

— Não é isso, passei a vida toda pensando só em trabalhar e estudar para ajudar minha família, nunca pensei em namorar tão cedo, nem ficar com alguém.

— Me dá uma chance??? — Disse enfático.

Fiquei muda… Coração aceleradíssimo, pensei que ia sair pela boca, ele foi se aproximando mais, pegou em minha mão, não tive nem o ímpeto de tirar, ele deu um beijo na minha mão.

— Me deixa te mostrar que posso ser um bom homem para você, um namorado talvez. — Fiquei quieta só olhando. Para quebrar a tensão, disse:

—Onde vão comemorar? - Pergunta e continua alisando minha mão.

— Baile funk, lá no morro, Simone sempre que pode, vai para lá, fez até amizade com Céia, minha amiga de infância.

— Posso ir com você?

— Tem certeza???? Não tem cara que gosta de baile funk.

— Só quero ir onde você for. — Novamente me deixou sem ação.

Entramos no carro, fiquei pensativa, no que eu ia fazer, não estava nos meus planos ficar com alguém quanto mais namorar agora, queria seguir com meu propósito, mais fiquei tocada. O que eu faço, senhor, eu pensava. Quando chegou à entrada do morro, ele estacionou onde indiquei. Virou para mim, pegou na minha mão, ficou alisando com o polegar, não posso negar que aquele toque, esquentou meu corpo inteiro, afinal já tinha 21 anos, apesar de não ter ninguém, ter somente beijado o Joca, mais não sou nenhuma idiota também, não sou tão inocente como pensam, só sou reservada, mas preferi me afastar dos homens até atingir meu objetivo. Já vi muitas meninas no morro sofrendo, grávida muito cedo, abandonadas, outras abortando por insistência dos caras e não queria isso para mim.

Queria sair correndo, mais antes mesmo de eu pensar em abrir a porta, ele me pega pela nuca e me dá um beijo. Num primeiro momento fiquei sem ação, só para variar, isso está ficando complicado, coloquei a mão em seu peito para tentar afastá-lo, mas aquilo me queimou mais, o pior foi que gostei e acabei correspondendo. Cara como ele beijava bem, tão bem quanto o Joca, meu Deus lembrando dele agora por quê? Um beijo carinhoso, mas, ao mesmo tempo, ardente, de tirar o folego. Nesse momento, não pensei mais em nada me entreguei e deixei rolar, ficamos nos beijando. Só aproveitei aquele momento que particularmente não queria que acabasse.

— Sei que você gostou Sara, eu senti no seu beijo, fica comigo? Diz que sim!!!

Não vou mentir que fiquei muito tentada em aceitar, a sensação de ter um corpo masculino próximo ao meu novamente, foi demais, mas não queria machucá-lo porque eu gostava dele, mas não como ele queria.

— Lucas, não vou mentir, gostei sim, como sabe nunca tive um namorado, a minha preocupação sempre foi estudar e trabalhar, mas eu não quero te machucar gosto de você, mas não desse jeito que você está demonstrando gostar de mim. — Estava sendo sincera com ele.

— Não me importo, com o tempo você aprenderá gostar de mim, vamos tentar pelo menos? Mal não fará mesmo rsrs.

— Vamos fazer assim, a gente vai se curtindo e ver no que dá. Tudo bem?

Ele me abraçou tão feliz, igual criança quando ganha um presente novo e me beijava na boca, no rosto, na testa ficamos assim por um tempo, eu sem ação porque não estou acostumada com essas atitudes, essas demonstrações de carinho e subimos o morro. Cheguei em casa entrei com ele logo atrás de mim, Simone já veio toda saltitante, falando que sabia que ia dar certo.

— Como assim Simone, sabia que ia dar certo o quê??? — Fiquei confusa.

— Eu sempre soube que o Lucas gostava de você e te falava, só você, uma tonta mesmo, que não percebia, isso até que um dia tomei iniciativa e fui conversar com ele sobre, falei que ia ajudá-lo que você precisava namorar e ter um cara legal do seu lado.

— Muito obrigada por ficar me negociando viu. — Disse brava, revirando os olhos e olhei para Lucas. Ele sem graça só sorriu sem dizer nada.

Lucas colocou a mão em meus ombros, e deu um leve apertão, já senti aquele calor tomando conta do meu corpo novamente, estremeci e segurei firme, para que ninguém percebesse principalmente meus pais, que vergonha. Os dois que souberam sempre que o Lucas me dava aula particular de graça para me ajudar nos estudos, sempre foram muito agradecidos, correram até ele e o abraçaram forte, agradeceram o que ele fez por mim. Era só o que faltava, meus pais já aceitarem o Lucas logo de cara, cheio de abraços e beijos o convidaram a sentar e tomar um refresco, minha mãe fez um bolo antes de sairmos e já foi logo oferecendo. Pronto já conquistou os coroas!

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