Marina Salles
O silêncio era quase confortável, mas só quase.
Depois de tudo que Dante havia me contado, eu simplesmente não conseguia organizar os pensamentos. As luzes do restaurante já estavam longe, refletindo no vidro do carro enquanto ele dirigia devagar pelas ruas de Roma. As mãos dele seguravam o volante com firmeza, mas o maxilar denunciava tensão.
Nenhum de nós dois parecia saber o que dizer.
O som do motor preencheu o espaço por alguns minutos. Eu olhava pela janela, vendo a cidade viva — as ruas ainda movimentadas, casais rindo, grupos saindo de bares. E eu ali, no meio do caos e da beleza, tentando entender onde eu me encaixava em tudo isso.
Dante foi o primeiro a quebrar o silêncio.
— Pra onde você quer ir? — perguntou, a voz baixa, rouca, o sotaque italiano arranhando de um jeito quase bonito demais pra esse momento.
Pensei por alguns segundos antes de responder.
— Não quero voltar pro hotel ainda.
Ele desviou o olhar da rua por um instante, rápido.
— Quer ir a algum lu