Ana Luiza Martinelli
Chegamos ao hospital no final da tarde, e o som familiar da recepção, os passos apressados dos enfermeiros e o leve cheiro de álcool impregnando o ar me deram uma estranha sensação de conforto. Era estranho pensar assim, mas aquele lugar se tornara, por necessidade, uma espécie de lar temporário. Ao meu lado, Enzo andava em silêncio, o maxilar tenso, como se ainda estivesse processando o acontecimento desastroso de mais cedo.
A cena de sua mãe invadindo a empresa, gritando, me humilhando, me chamando de interesseira... ainda ecoava na minha mente. Mas, mais forte do que isso, era a memória de Enzo se posicionando ao meu lado. Ele não apenas me defendeu, mas também defendeu o nosso filho. Isso significava muito mais do que qualquer pedido de desculpas poderia expressar.
Quando atravessamos a porta do quarto, minha mãe levantou o rosto do caderno onde anotava algo.
— Oi, minha filha — disse ela, com um sorriso cansado. — Deu tudo certo na reunião?
Assenti, tentando