Enzo Albuquerque
As paredes envidraçadas da minha sala abafavam os sons do burburinho do corredor, mas eu sabia que os olhos estavam sobre nós. Desde o momento em que segurei a mão da Ana Luiza e a trouxe até aqui, os boatos deviam estar se espalhando mais rápido do que qualquer campanha de marketing que já lancei nessa empresa. Mas eu não me importava. Pela primeira vez em muito tempo, eu fazia algo que queria de verdade, sem me preocupar com o que diriam.
Ela estava sentada na poltrona de couro perto da minha mesa, os olhos cansados, mas ainda tão fortes. Havia algo em Ana que me fazia querer lutar contra o mundo se fosse preciso. Vê-la tão vulnerável e, ao mesmo tempo, tão firme me dava uma estranha sensação de paz. Eu queria protegê-la. Queria protegê-los.
Estava finalizando um documento quando ouvi a porta da recepção abrir bruscamente. O som da voz aguda, histérica e cada vez mais próxima não deixava dúvidas: minha mãe estava ali. Levantei os olhos para Ana, que me olhou também,