A mesa do café da manhã estava cheia e colorida, do jeitinho que a minha mãe gostava. Dona Fátima havia caprichado, como sempre: pães fresquinhos, bolo de fubá ainda quente, ovos mexidos, frutas picadas em uma travessa e suco de laranja natural. Nando estava sentado ao meu lado, com uma carinha animada e os olhos brilhando.
Murilo, Beatriz e Gabriel já estavam à mesa, se servindo, comentando aleatoriedades da noite anterior e brincando com o cabelo bagunçado uns dos outros. O clima era leve, descontraído, mas eu sentia que algo estava prestes a acontecer. Minha mãe trouxe mais uma xícara de café e se sentou, exausta, mas feliz.
Foi então que Nando, no meio da mordida de uma fatia de mamão, olhou para todos e falou com orgulho:
— Meu papai é um super-herói.
O tempo pareceu parar por um segundo. Todos os olhos se voltaram para ele.
— Ele viaja o mundo salvando pessoas. Por isso que ele não pode ficar com a gente. Mas ele me ama muito.
Gabriel largou a xícara devagar, com uma expressão s