Capítulo 96 

Ana Luiza Martinelli

As luzes do hospital ainda dançavam em minha memória quando encostei a testa na janela do carro, deixando o vidro frio aliviar o calor que queimava por dentro. Nando havia vomitado três vezes durante a madrugada. O rostinho dele, tão pálido, os olhos semicerrados de cansaço, e aquele gemido fraco que saía sempre que uma nova onda de náusea o invadia... Nada disso saía da minha cabeça. Eu me sentia impotente. Não havia nada que eu pudesse fazer para tirá-lo daquele sofrimento.

A quimioterapia era necessária eu sabia disso, todos os médicos afirmavam, mas isso não tornava mais fácil assistir ao meu filho definhar aos poucos. Já faziam três semanas desde o início do tratamento e, a cada dia, surgia um novo efeito colateral: câimbras, feridas na boca, febres repentinas. Eu lia tudo, estudava cada termo médico, frequentava o hospital como quem frequenta o próprio lar. Mas o que mais me doía era a expressão de resignação no olhar do meu pequeno.

Hoje, pela primeira vez,
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