Heloíse Albuquerque
Acordei com aquele gosto amargo na boca que nenhuma escova de dente consegue tirar. Algo dentro de mim me dizia que o dia não seria bom, mas me recusei a ceder a qualquer pressão psicológica matinal. Afinal, sou Heloíse Albuquerque, e fraqueza não combina comigo.
Sentei-me à mesa do café e dei a primeira colherada no mingau. Mal engoli. Cuspi de volta no prato com nojo e revolta.
— Isso aqui está uma porcaria! — gritei, empurrando o prato para longe. — Você chama isso de comida?
A cozinheira arregalou os olhos, tremendo, e tentou se justificar:
— Senhora Heloíse, preparei do mesmo jeito que ontem...
— Ontem estava ruim. Hoje está pior. É assim que você quer manter o emprego? Saia da minha frente antes que eu perca a pouca paciência que me resta!
Ela saiu chorando, e eu revirei os olhos. Não aguento gente fraca. Peguei meu celular e disquei para Bianca. Precisava conversar com alguém que, ao menos, não me desse enjoo.
— Bianca? — falei assim que ela atendeu. — Pode