Capítulo 03 - Bruno

— Licença, senhor Montenegro, posso entrar? — pergunta Camila, responsável pelo RH da empresa.

— Sim, pode sim. — Abre a porta e se aproxima da minha mesa. Estou exausto depois de uma negociação que acabei de fazer para um cliente. — Pode falar, Camila.

— Trouxe o currículo para o Senhor dar uma olhada. É para vaga de secretária executiva — ela informa, me entregando o currículo.

— Humm... Tomara que não seja igual à última que tive que mandar embora, ficava mais no celular do que fazia o seu trabalho. Aquela incompetente esqueceu de me avisar do julgamento de um cliente? A sorte que lembrei e cheguei em cima da hora, se não fosse isso estaria ferrado! — acrescento, irritado, enquanto analiso o currículo.

— Sim, entendo — responde, sem olhar pra mim.

— Interessante. Fez graduação e pós-graduação meses depois... Gostei disso, mas aqui não está falando da sua experiência? — pergunto para ela, ainda com o papel na minha mão.

— Fiz uma entrevista, conversamos e ela nunca trabalhou, aqui vai ser seu primeiro trabalho nessa área. — levanto a sobrancelha.

— Espera aí. Essa garota não tem experiência? — dou um pulo na cadeira, aponto para merda do papel. — Porra, Camila! O que deu na sua cabeça? Eu não tenho paciência para explicar como ela deve fazer seu trabalho! — jogo o currículo na mesa. Estou puto da vida, vou até o frigobar e pego a minha garrafa d'água, bato com força a porta do frigobar.

— Calma, Senhor Montenegro. O currículo dela é bom, excelente pra falar a verdade, melhor que das outras. O senhor viu o currículo e também gostou? — balanço a cabeça para um lado e para o outro, enquanto sorvo a água.

Volto para a minha mesa e coloco a garrafa d'água sobre a mesa. Nesse exato momento a Elena entra na sala.

— Que gritaria é essa Bruno? — questiona.

— Pergunta para Camila, ela quer contratar uma secretária executiva sem experiência? — digo, sentando na minha mesa.

— Ela tem um ótimo currículo, Elena, dá uma olhada? — pega o currículo da mesa e mostra para Elena.

— Uau. Tenho que dizer que é bom currículo, tirando a parte da experiência. — Se vira e fita para Camila. — Você acha que vale a pena ela trabalhar aqui? Ela vai ter que aguentar essa mala de chefe. — Aponta para mim, zoando.

— Ei? Olha como fala, mocinha! — advirto. Camila leva a mão no rosto para disfarçar o riso. — Elena Montenegro, não é porque é minha irmã pode falar assim. — ela balança os ombros me ignorando.

— E aí, Camila? — pergunta Elena.

— Acho que devíamos dar uma chance, o currículo é muito bom. Eu posso assumir a responsabilidade de explicar como funcionam as coisas aqui na empresa — Camila comenta.

— Estou com a Camila, podemos fazer uma experiência? E outra a Camila não é de se enganar, então confio nela. — olha para ela e sorri. E volta olhar para minha direção.

— O que diz? — olho para minha irmã e depois para Camila, dou uma bela bufada.

— Ok, ok. Fui vencido por vocês duas. Camila avisa a essa garota para começar na segunda-feira. — As duas comemoram, ela olha o relógio e aperta o passo para ligar para a tal garota.

— Camila? — levanto da mesa e a chamo.

— Sim, Senhor Montenegro? — está com a mão na maçaneta da porta.

— Avisa para não se atrasar, odeio atrasos — digo, firmemente. Ela assente e a libero para sair. Minha irmã se aproxima da mesa encostando.

— Eu sei que você tem um coração aí dentro — diz, tocando com a ponta do dedo no meu peito.

— Mas é claro, senão não estaria vivo. — Ela sorri. — Mas fala por que veio aqui na minha sala?

— Nossa, já estava esquecendo, com essa confusão toda. — Dá uma pausa. — A Sheila está te chamando?

— Por que ela não me ligou?

— Ela ligou, mas acho que você não atendeu? — tiro o celular do bolso da calça. Vejo várias chamadas não atendidas. Merda! — Ela está na sala dela? — pergunto para minha irmãzinha.

— Acho que sim, maninho. — guardo o celular no bolso e vou para lá, nem me despeço da Elena. Assim que chego à sala ela está acompanhada com um homem alto e moreno, vestido com um terno preto.

— Pode entrar, Bruno. Esse é Wirley Lacerda, o cliente que você fez um acordo ontem, se lembra? — aproximo-me deles, me viro ficando de frente para ele e o cumprimento apertando a sua mão.

— Sim, claro. O que quer? Acho que ficou tudo resolvido ontem. — coloco a mão no bolso da calça e o fito.

— Mudei de ideia sobre o acordo. Quero tudo! — o homem informa.

— Deixe-me ver se entendi, você mudou de ideia? — olho para ele e depois para Sheila, que fica em silêncio. Caminho até a poltrona e me sento. — O senhor não pode mudar de ideia depois que o acordo foi assinado. Por que essa mudança?

— Eu que levantei aquela empresa para chegar onde chegou, trabalhei muito duro e meu irmão vai ficar com a metade? Não! Mudei de ideia e quero que ele fique sem nada — declara, ferozmente. Ergo meu braço até a minha sobrancelha e começo a coçar. Inacreditável! Inacreditável! Então me levanto da poltrona.

— Como disse não tem como "mudar de ideia", além do acordo está assinado... — Dou uma olhada para meu relógio, logo abaixo o braço. — Há uma hora caiu o meu pagamento e não tem como desfazer isso. — Sorrio.

— Caiu nada. Para de me enrolar! — protesta, vindo pra cima de mim.

— Então, o que é isso? — Pego o meu celular e mostro a transferência.

Fica surpreso, dá um passo para trás e olha em direção a Sheila que balança a cabeça concordando com o que eu disse. Ele sai da sala puto da vida. Ela se aproxima.

— Já caiu o dinheiro? — Olho para ela e solto um sorriso largo.

— Claro que não. Só vai cair na segunda-feira. — Me fita, não acreditando.

— Mas e a transferência que você mostrou para ele? — pergunta, indicando para o meu aparelho que está no meu bolso.

— Ahh, isso aqui. Foi de um acordo entre funcionário e o chefe que o demitiu por roubo — digo com suavidade.

— Você não tem jeito. — leva sua mão no meu ombro. Logo coloca sua mão no meu queixo, virando-me para ela. — O que seria de mim sem você.

— Acho que estaria completamente perdida. — digo, olhando nos seus olhos. — Vamos para casa, mãe? Ou tem mais alguma coisa para eu resolver? — Ela balança a cabeça que não, vai até a sua mesa pegando sua bolsa e saímos da sala, no caminho passamos na sala da minha irmã e saímos do prédio. E juntos seguimos para casa, com as mulheres da minha vida.

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