Andrew
Mais tarde, na praia, enquanto o sol descia e o céu começava a ficar alaranjado, eu deixei escapar o que estava me incomodando faz tempo.
Estávamos caminhando na beira da água, a espuma molhando os pés dos dois. Ela recolhia conchinhas aleatórias e me mostrava como se fossem tesouros.
— Nunca pensei que ver alguém rindo pudesse me deixar assim — falei, sem planejar.
Ela parou, me olhando.
— Assim como?
Eu respirei fundo.
— Com medo de estragar tudo.
Foi honesto demais até pra mim. Mas não me arrependi. Ruby ficou quieta por uns segundos, olhando pro mar. Quando falou, a voz estava mansa.
— Você não vai estragar tudo, Andrew.
— Como pode ter tanta certeza? — tentei sorrir, mas não saiu muito convincente. — Eu sou um especialista em transformar coisas em pressão. Números, projetos, pessoas...
Ela largou as conchinhas no chão, limpou a areia na saia do vestido leve e veio até mim. Segurou minha mão, entrelaçando os dedos.
— Porque você está tentando — respondeu. — Um homem que só