Bruna caminhava lentamente pela estreita rua de paralelepípedos, enquanto a luz dourada do fim da tarde tingia as fachadas caiadas da vila e criava sombras longas e sinuosas que se estendiam à sua frente. A brisa morna do mar atravessava as ruas estreitas, misturando o aroma salgado das ondas distantes ao perfume doce e discreto das buganvílias que pendiam em cachos coloridos das varandas.
Os passos eram lentos, medidos, como se cada um deles fosse uma rendição silenciosa.
Havia dias que evitava passar pela frente do restaurante de Jae-Hyun, escolhendo caminhos mais longos, desviando da possibilidade de cruzar aquele olhar que, sempre que a tocava, parecia despi-la de tudo — das roupas, dos medos, das desculpas.
Mas agora, enquanto caminhava em direção àquele espaço que tantas vezes havia observado de longe, Bruna sentia que uma parte dela começava, enfim, a aceitar o que teimava em negar.
O desejo.