O ar da manhã ainda era frio quando pisei na terra macia da minha antiga aldeia. O chão úmido coberto por folhas trazia memórias que eu desejava manter guardadas, mas agora, com tudo vindo à tona, não havia mais como ignorar. O sol filtrava-se entre as árvores com certa timidez.
Gabriele caminha ao meu lado, com as mãos nos bolsos da capa marrom escura que usa. Seus cabelos presos em duas tranças grossas e o tom sempre leve no olhar combinam com o estado do momento. A presença dela me trazia certa paz. Era confortável conversar com ela.
— Dormiu bem? — ela perguntou, virando levemente o rosto na minha direção.
— Mais ou menos — respondi, dando de ombros. — Sonhei com a adaga.
— A que sua mãe encontrou?
Assenti. Ela estava coberta de sangue no meu sonho. Mas o estranho é que… não era o sangue de ninguém que eu conheço. Era diferente. Escuro. Espesso. Quase como se tivesse uma energia própria.
Minha mãe teve um sonho, e agora eu. Tudo ligado.
Gabriele franziu o cenho e diminuiu o passo