Dante Tavares:
Uma hora ou outra, ela ia se curvar.
Isadora estava frágil. Vulnerável. Um bebê nos braços, um pai doente em casa, a irmã ainda na escola, e contas se empilhando como pedras pesadas nos ombros dela. Afastada da cozinha, afastada de mim, carregava um fardo que nem um exército suportaria.
E eu? Eu estava pronto. Esperando o momento em que ela aparecesse — orgulhosa demais para pedir, mas desesperada o suficiente para implorar. Eu era o meio mais fácil. Eu era o pai do filho dela. Eu era a saída.
Mas o tempo passou, um mês inteiro… e ela simplesmente desapareceu.
Não vinha até mim. Se escondia. Deslizava pelos corredores da casa como um fantasma. Mandava a empregada dizer que estava dormindo, que não podia me ver. Evitava o som da minha voz. Eu ligava, mandava flores, deixava bilhetes escritos à mão. Ela mudou todas as fechaduras, trancou o coração, e jogou fora a chave.
Eu só queria ouvir a voz dela. Sentir o toque da pele, o calor da presença. Mas tudo que ela me dava er