Igor Medeiros
O gosto dela ainda estava na minha boca.
Doce. Quente. Sujo.
Bianca Vasconcelos era a porra de um veneno que eu bebi de olhos abertos.
E agora eu estava sentado à mesa, com um sorriso de deboche, fingindo que nada aconteceu enquanto meu pai fazia um brinde com a futura esposa, e os dois exibiam aquele teatro ridículo de felicidade comprada.
— À nova fase da família Medeiros — ele disse, erguendo a taça.
Família. Que piada.
Olhei pro lado e lá estava ela.
Bianca.
Tão perto. E tão intocável.
Cabelos soltos, a maquiagem discreta tentando esconder o rubor no rosto, os olhos fugindo dos meus como se cada troca de olhar fosse uma corda apertando nosso pescoço.
Mas mesmo assim, ela olhava.
De rabo de olho.
Com raiva.
Com medo.
Com tesão.
E eu também.
Meu sangue fervia.
Porque meu corpo ainda lembrava do dela colado no meu, da respiração entrecortada, da forma como ela gemeu contra a minha boca antes que os passos no corredor nos trouxessem de volta à maldita realidade.
Fiz um e