DANTE TAVARES
Enzo estava estático.
Sem palavras. Sem reação.
A ex-noiva dele estava ali — nua, despenteada, com marcas visíveis por todo o corpo. Marcas minhas.
E ele viu tudo.
Ouviu o som. Sentiu o cheiro. O prazer ainda ecoava pelo quarto, impregnando o ar. Nada foi poupado.
Mas o mais perverso?
Ela já o havia esquecido ali mesmo, diante dele.
O olhar de Isadora, o tremor sutil de seu corpo sob o lençol amassado, me diziam tudo o que eu precisava saber: ela era minha.
Minha mente berrava: “É minha. Feita pra mim. Sob medida.”
Caminhei nu pelo quarto, o corpo ainda suado, as costas arranhadas como troféu. O cheiro dela grudado na minha pele.
Peguei minha cueca no chão com a calma de um homem plenamente satisfeito.
— De alguma forma… estamos quites, Enzo. — falei, sem pressa, sem olhar para ele. — Você me roubou dinheiro.
Eu roubei… — voltei o rosto para Isadora, que se encolhia, puxando o lençol para cobrir os seios, os quadris, as coxas marcadas — ...a melhor mulher que você poder