Fogo que Não Queima
A lua estava no seu ápice.
Cheia.
Branca.
Observando.
O altar se erguia como uma cicatriz no meio da floresta, feito de pedras negras e símbolos esculpidos com sangue antigo.
Guardas em cada ponta.
Supremos de armadura prateada vigiando as correntes que prendiam Rafael e Thoren.
Ambos de joelhos.
Cabeças erguidas.
Orgulho intacto, mesmo que os corpos sangrassem.
E eu… nas sombras.
Esperando o momento certo.
Sentindo Selyra inquieta sob minha pele.
> “Agora, filha.
Deixe de sussurrar.
Grite.”
A primeira tocha foi acesa.
— Que os pecadores paguem — disse o Ancião Mestre.
A voz dele cortou o ar, mas não o silêncio da floresta.
A segunda tocha se ergueu.
E foi quando minha pele começou a se aquecer por dentro.
A marca sob minhas costelas pulsava, viva como um coração batendo em outro ritmo.
Meu corpo enrijeceu.
Meus dedos se estenderam sem que eu mandasse.
As unhas cresceram — negras, curvas, afiadas.
Transformação parcial.
Lobo e mulher em equilíbrio.
Metade carne, me