Sob o Véu da Noite
A lua parecia respirar junto comigo. Sua luz se derramava em prata sobre a floresta, tocando cada folha como se acariciasse o mundo. O vento sussurrava meu nome — ou talvez fosse o eco do que restou de nós. Marco dormia, ou fingia dormir, com o corpo coberto apenas pela penumbra. A pele morena cintilava sob o luar, e cada movimento de seu peito parecia uma lembrança viva daquilo que eu não conseguia apagar.
Korran, o lobo dele, ainda rondava dentro de mim, mesmo em silêncio. Eu podia senti-lo, observando, respirando junto à minha alma. E dentro de mim, Lyra, minha loba, se contorcia — inquieta, dividida entre o desejo e o medo, entre a fúria e a entrega.
O cheiro dele ainda estava em mim. Madeira, ferro e tormenta.
— Você ainda pensa em fugir, Luna? — a voz dele quebrou o silêncio, rouca, embriagada de sono e poder.
— Talvez — sussurrei, sem me virar. — Mas não sei mais se estou fugindo de você… ou de mim mesma.
Marco se levantou devagar, o corpo nu desenhando sombr