Ecos da Escolha
O amanhecer nĂŁo trouxe paz.
A primeira luz do dia filtrava-se pelas grandes janelas da mansĂŁo como uma bĂȘnção esquecida. Os raios dourados se espalhavam pelo chĂŁo como dedos hesitantes, mas dentro de mim, sĂł havia escuridĂŁo em ebulição.
Marco ainda dormia, seu corpo exausto enlaçado no meu. O calor dele era meu refĂșgio e minha prisĂŁo. Seu braço envolvia minha cintura como um voto silencioso. Mas mesmo com ele tĂŁo prĂłximo, meu coração batia inquieto. Algo lĂĄ fora chamava meu nome.
Levantei devagar, para não despertå-lo. Ainda nua, vesti a primeira camisa dele que encontrei, o tecido cheirava a sua pele, a seu suor, a desejo e lembrança. Caminhei até a sacada, sentindo o vento frio beijar minha pele como se o mundo lå fora estivesse tentando me acordar de um sonho perigoso demais para durar.
â VocĂȘ a sente tambĂ©m, nĂŁo sente? â disse uma voz baixa Ă s minhas costas.
NĂŁo precisei me virar. Rafael estava ali, como sempre, observando-me da penumbra de sua prĂłpria calma. Seu o