As horas se esvaíram no bar da praia, embaladas pelo ritmo contagiante do funnk e pela crescente influência da cerveja. Kalel, agora vestindo uma de suas camisas floridas, encontrou uma estranha liberdade em meio aos outros frequentadores, muitos dos quais ele já reconhecia da noite anterior. Quando o karaokê improvisado começou, com um microfone empoeirado e uma tela piscando letras borradas, Kalel, incentivado pela bebida e pela súbita ausência de suas habituais amarras, agarrou o microfone.
Sua voz, antes reservada para negociações e discursos corporativos, ecoou pela noite, desafinada, mas carregada de uma alegria infantil. Ele cantou clássicos do cancioneiro popular, misturando português com letras que mal lembrava, arrancando risos e aplausos da plateia improvisada. Aquele não era o Kalel, era apenas um turista desajeitado se divertindo sem se importar com o amanhã.
Quando a noite já avançava, Kalel, um pouco tonto e com o coração cheio de uma esperança teimosa, decidiu que era