Mundo de ficçãoIniciar sessãoYaskara tamborilou os dedos na mesa, o olhar brevemente desviado para o copo vazio.
— Estou ciente dos problemas que envolvem meus poderes — disse com calma. — E agradeço a preocupação.
Fez uma pausa curta, os dedos ainda inquietos.
— Perguntei sobre os dormitórios porque, depois de certo tempo… eu simplesmente apago. — sorriu de leve, sem explicar mais.
Ergueu o olhar para ele, agora séria.
— Mas, sei por que me querem lá. — disse, a voz firme. — Afinal, seria muito conveniente para eles ter alguém capaz de trazer os mortos de volta.
Houve um silêncio breve. O tom dela não era de orgulho, mas de resignação.
— O efeito da habilidade que usei em você não é algo que eu possa esconder agora.
Ela se recostou na cadeira, tentando relaxar.
— Quanto às aulas… me adiantaram sobre o tema. — o tom se suavizou. — Ficarei com a parte prática e o aperfeiçoamento de técnicas.
Um leve sorriso curvou seus lábios.
— Acho que vou me adaptar.
Voss a observou em silêncio enquanto ela falava — o tamborilar dos dedos, as pausas entre as frases, o jeito sereno de quem já havia aprendido a viver com um fardo que ninguém mais entenderia.
Quando ela terminou, ele soltou um suspiro leve, apoiando o cotovelo na mesa e o queixo na mão.
— “Trazer os mortos de volta”, hein? — repetiu num tom leve. — Parece algo que os velhotes sonham desde sempre.
Um sorriso atravessou o rosto. — Se eles vissem o que eu vi, iam te trancar num cofre, não te colocar numa sala de aula.
Ele inclinou um pouco a cabeça, os olhos azuis faiscando de curiosidade.
— E mesmo assim… te mandaram ensinar. — riu baixo. — É bem a cara deles.
Apoiou o queixo na mão, inclinando-se para frente.
— Sabe, Yaskara… você fala como quem carrega uma responsabilidade absurda, mas também como quem já pagou o preço de usá-la.
Um breve silêncio pairou.
Então o sorriso dele voltou, leve e provocador.
— E sobre esse seu “apagar depois de certo tempo”... espero que esteja falando de sono, não de colapsar o tempo e sumir do mapa. — fez uma pausa, o olhar brincalhão. — Porque, sinceramente, perder uma professora bonita e misteriosa logo depois de conhecer seria um desperdício.
Ele pousou o copo na mesa e manteve o olhar nela — meio curioso, meio divertido.
— Então… vai seguir as ordens dos velhotes ou fazer tudo do seu jeito?
Yaskara soltou um pequeno suspiro e arqueou as sobrancelhas.
— Não são só os seus velhotes — respondeu, cruzando os braços com leve irritação divertida. — Digo, dos “velhotes” que você está se referindo. Eu também tenho os meus.
Coçou a cabeça, num gesto incrédulo.
— Ótimo. Agora eu tenho dois grupos de velhotes pra obedecer… — resmungou.
Recostou-se na cadeira, exalando resignação.
— Mas sim, acho que vou ter que ouvi-los — disse por fim, o tom mais calmo.
— Melhor eu ir pro hotel buscar minhas coisas. — olhou para ele com um meio sorriso. — Parece que estou de mudança para a sua escola.
Ele soltou uma risada baixa, divertida, balançando a cabeça lentamente.
— Dois grupos de velhotes… parabéns, Yaskara. Oficialmente você entrou para o clube das pessoas que vivem sob pressão dobrada. — inclinou-se levemente para frente, os olhos azuis faiscando de curiosidade e divertimento.
— E sim, você precisa obedecer… pelo menos por enquanto. Um sorriso torto aparece nos lábios. Mas, confesso que vai ser interessante ver você encontrar um jeito de fazer as coisas do seu jeito sem que eles percebam.
Ele se levantou, ajeitando o casaco de forma despreocupada, e apontou para fora da cafeteria.
— Seu hotel não deve ficar longe, posso te acompanhar — não queremos que a futura professora da Escola Técnica se perca no caminho, né? — O sorriso provocador retornou, os olhos brilhando com malícia e humor.
— Além disso… quero ver a cara dos outros professores quando descobrirem que mandaram alguém capaz de mexer com o tempo para a escola. Isso vai ser… memorável.
Ele estendeu a mão de forma teatral, como um convite brincalhão.
— Então, Yaskara… aceita a companhia do seu humilde guia local?






