MINHA OBSESSÃO
MINHA OBSESSÃO
Por: NINA
PRÓLOGO

Fui descoberto por mim mesmo.

Autor desconhecido

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MARCO POLO KELLER

Marco Polo Keller, prazer, sou o seu admirador, mesmo não conhecendo você que está aí perto de mim, aprendi a ser simpático desde cedo, porque caramba, nunca sei quando vou precisar de uma ajuda. 

Eu sou bem complicado em relações pessoais, sou o cara que lida de uma forma perfeita com as pessoas, eu gosto delas e elas gostam de mim, mas não as quero tão perto. Precisamos das relações humanas pra ter uma normalidade padrão esperada por todo mundo, mesmo que as vezes você queira ser sozinho, mas fazendo isso fica estranho, você é taxado de antissocial pra cima, certo?

Ah, mas tem um detalhe, eu preciso ser assim: normal, sem os rótulos.

Talvez seja fácil ser normal, mas não quando você é diagnosticado anormal, fingir ser normal pode ser estupidez, mas para mim é sobrevivência social. 

Eu fui diagnosticado com um distúrbio sexual aos nove anos de idade, isso quando uma professora me pegou de calças baixas. Ah, foi estupidez minha descuidar da porta da sala dos casacos, embora tenha sido a coisa mais divertida que eu passei, lembro da cara dela de indignação e de como ela falava para mim que era errado fazer aquilo no meio de uma turma com as outras crianças tão perto de mim. 

Ela usou termos que eu nem sabia o que significava, mesmo assim, foi a partir dali que eu começava o meu problema, poderia ser outro tipo de  problemas, mas, entre tantos, minha sexualidade me encontrou e falou: Você é meu Marco, só meu. 

Passei a ir em especialistas de tudo quanto e área, minha mãe me deu remédios controlados, naturais ou orgânicos, naquela idade eu já nem me importava, eu tinha dezesseis anos quando usei a tarja preta, era um remédio bem forte, lembro que eu fui tachado de louco na escola ou descontrolado quando vazou aquilo por uma professora sem querer.

Mas eu apenas era um deprimido com problemas sexuais não moderados.

Mas não era eu, nunca foi eu, era algo de dentro para fora que eu não tinha controle. Eu não podia chegar na sala e falar que eu tomava aquilo porque eu tinha um distúrbio sexual, mas, mesmo assim, eu ficava na minha e os  deixava falarem do meu remédio o de eu ser quieto e calado. 

Foi uma época bem difícil, porque eu lembro que os médicos poderiam me internar na maior idade, caso, eu disse caso, eu tivesse probabilidade de me tornar um maníaco sexual descompensado das ideias. 

No dia que escutei isso eu entrei em choque, em pânico. Porquê eu não via daquela maneira, nunca me vi, por mais louca que essa obsessão por sexo seja grande dentro de mim, que surge do nada, eu nunca me vi como um provável monstro que pudesse atacar alguém por falta de controle. Eu levei esse tipo de pensamento comigo por muito tempo para ficar na linha e me auto educar, me detestar as vezes mas, o mais importante, não desistir de mim.

Eu consegui. 

Sempre fui determinado e persistente, leal e idealizador de uma vida tranquila ou o mais próximo disso. 

Mas eu passei por intensas seções, com médicos que terminaram de foder minha vida pelo distúrbio, psicólogas, psiquiátricas, terapeuta que tentaram minimizar a compulsão por sexo ou fantasias racionais e irracionais. Um distúrbio de natureza orgânica, como alterações hormonais sexuais, que são elevadas para o padrão de anormalidade, com um padrão de me fazer ter crises de pânico, ansiedade e compulsão por comida, afeto ou até mesmo  violência comigo mesmo, não é questão de eu querer tudo isso, mas a questão de precisar, incontrolavelmente, incondicionalmente de tudo que eu pensar ter. 

Depois de vinte e nove anos e eu e ela, ela é eu. 

Eu não domino muitas das vezes a minha compulsão, ela me domina. 

Eu não ligo para isso, quer dizer, não ligava, até eu me apaixonar de verdade, me apaixonar por uma pessoa, uma pessoa normal, ela não sabe do  que eu sou capaz ou o que eu sou. 

Ela tinha um libido normal. Enquanto eu, tinha uma libido descomunal dentro de mim.

Aquilo era ruim, pessoas como eu não podem se apaixonar, era perigoso demais, não pra mim, mas para a outra pessoa.

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