Quando terminei de organizar a agenda dele e me despedi para voltar ao meu setor, ouvi a voz dele me chamar, mais baixa que de costume:

— Nicola…

Virei-me de imediato.

— Sim, doutor Luccero?

Ele ajeitou a gravata, parecia estar escolhendo as palavras.

— Quando você sair… faça-me um favor. Ligue para a minha mãe. Diga a ela que hoje eu vou jantar lá em casa.

Sorri, já adivinhando a intenção.

— Claro, doutor. Pode deixar comigo.

Mais tarde, ao sair do expediente, cumpri minha promessa. Disquei para madrinha e, assim que ela atendeu, falei com minha doçura costumeira:

— Madrinha, boa noite. Estou saindo agora do escritório, e o seu filho pediu que eu ligasse para avisar que ele vai jantar aí com a senhora hoje.

Parei um instante, e acrescentei com ar de cumplicidade:

— Escute o seu filho, madrinha, porque ele está precisando de conselho. Hoje ele estava mais sisudo do que todos os outros dias. Algo aconteceu, e eu acho que com