O Almoço e a Verdade
Ele se sentou e começou a comer devagar, em silêncio.
Eu fiquei ali, me sentei sem pedir por um instante, até à frente dele.
— Coma tranquilo, doutor — falei suavemente. — E enquanto isso, vamos conversar?
Ele levantou o olhar, cansado, mas curioso.
— Conversar sobre o quê, Nicola?
Respirei fundo. — Sobre o que está acontecendo. O senhor anda estranho, e eu percebo as coisas.
Ele se recostou um pouco na cadeira.
— Você é mais observadora do que aparenta.
Sorri, — é o meu trabalho, doutor, observar e tentar ajudar e cuidar.
Ele soltou um leve sorriso, e eu aproveitei o momento para continuar:
— O meu pai me chamou ontem.
— O Emílio? — perguntou, surpreso.
— Sim, ele me chamou pra falar de um contrato, ou melhor, de um acordo de casamento.
Ele franziu o cenho, pousando o garfo. — Um contrato de casamento?
— Isso mesmo,— confirmei,— O senhor e eu.
Ele piscou, atônito. — Ele foi falar com você ontem?
— Foi, disse que havia conversado com o seu pai e que vocês dois