A prece

Entrei no meu apartamento com passos leves, mas por dentro eu estava em turbulência. Cada lembrança do jantar, cada palavra da madrinha, cada olhar do padrinho… tudo girava dentro de mim como pétalas ao vento.

Deixei a bolsa sobre o sofá e, sem pensar, me ajoelhei ali mesmo, diante da pequena mesa onde mantenho uma vela acesa para Nossa Senhora. A chama tremulava suave, e o coração parecia querer acompanhar aquele balanço, ora acelerado, ora sereno.

Cruzei as mãos e fechei os olhos, permitindo que as lágrimas corressem sem vergonha.

— Senhor meu Deus… — sussurrei entre soluços — obrigada por me conduzir até aqui. Obrigada pela madrinha que sempre me acolheu, pelo carinho do padrinho que agora se revelou, pela vida que nunca deixou de florescer dentro de mim, mesmo quando tudo ao redor era cinza.

A respiração falhou, e eu apertei as mãos mais forte.

— Obrigada por eu ter descoberto hoje que a minha mãe não foi apenas dor,