Narrado por Henrique
O apartamento estava insuportavelmente silencioso. A lógica ditava que eu deveria estar analisando relatórios do caso Valete, ou revisando a proteção perimetral do prédio de Anita. Em vez disso, eu estava parado no meio da sala, a mente fixa em uma única variável: a distância entre a minha localização e a dela. 4,7 quilômetros. Uma unidade de medida que havia se tornado absurdamente significativa.
A decisão de ir até lá não foi um impulso. Foi uma conclusão estratégica. A avó dela, Boo-mi, era um fator novo e desconhecido. Um elemento que poderia influenciar o equilíbrio que eu estava construindo com Anita. Então, olhando para o meu livro de autoajuda encostado no canto, dei um leve sorriso de canto. Anita era melhor que livros de autoajuda; tornava qualquer momento meu muito mais interessante.
Porém, lembrando da avó dela que eu ainda não conhecia, falei a mim mesmo que era necessária uma avaliação presencial.
Parei em uma floricultura no caminho. Flores. Um gesto