O sol já começava a se esconder atrás das montanhas quando estacionamos em frente ao chalé. A luz dourada atravessava as árvores, lançando sombras compridas sobre a varanda. Era o tipo de fim de tarde que dava vontade de guardar num potinho.
Zeca desligou o motor e ficamos um segundo em silêncio, ainda dentro da caminhonete. Eu sentia minha pele arrepiar, mas não era por causa da brisa fria que começava a soprar — era ele. A maneira como o silêncio entre nós não era mais desconfortável, e sim carregado de algo que eu ainda não sabia nomear, mas sentia. Forte.
— Obrigada por hoje — falei, virando o rosto pra ele, e percebi que ele também já me olhava. De novo, aquela sensação de que havia algo prestes a acontecer.
— Eu que agradeço — respondeu, mais baixo do que o normal. — Faz tempo que um dia não vale tanto a pena.
Ficamos nos encarando por tempo suficiente para que o ar ficasse espesso, como se o mundo ao redor estivesse esperando por um desfecho. Quando ele se inclinou, um pouco,