Capítulo 5

É ela.

Ela é Layla. A mesma mulher que deu a Anthony uma noite inesquecível. A mesma que foi embora sem deixar aviso quando ele saiu para buscar o café da manhã para os dois.

Agora, ela era sua assistente.

Ainda era cedo e os funcionários começavam a chegar, mas, como nos últimos cinco dias, ele não tinha dormido direito pensando nela.

Uma semana havia se passado e Anthony decidiu não dizer nada. Talvez ela nem se lembrasse... mas isso era impossível, não depois da reação que ela teve ao entrar na sala naquele dia. Mesmo assim, ele não queria estragar tudo logo no começo, e ela estava se mostrando uma profissional excelente.

Layla estava ainda mais bonita. Os seios mais fartos, as curvas mais marcadas. Ela… ela era…

Anthony tentou manter distância. Repetiu a si mesmo que aquilo ficou no passado e deveria morrer lá.

Quando Layla chegou, ele prendeu a respiração. Ela usava um vestido comprido, de mangas longas e saltos finos. O coque alto fez sua mente voltar à noite em que ele segurou aquele mesmo cabelo, ouvindo os gemidos baixos dela.

— Bom dia, senhor Jones — ela disse, como sempre.

— Bom dia, Layla.

O dia começou como de costume. Anthony lançava olhares furtivos enquanto ela trabalhava. Layla estava em uma reunião com um cliente chinês, e seu sorriso durante a conversa chamou a atenção dele. Como havia pensado mais cedo, ela estava ainda mais bonita.

Quando a reunião acabou, Layla suspirou, e ele se sentiu obrigado a desviar o olhar.

— O senhor gostaria de um café, senhor Jones? — ela perguntou gentilmente.

— Anthony — respondeu, encarando-a.

— O quê? — ela perguntou, confusa.

— Já disse para me chamar de Anthony.

— Não acho que seja uma boa ideia, senhor… os outros…

— Exijo que me chame de Anthony.

Layla se assustou com o tom e a exigência repentina. Nem ele mesmo entendeu o que estava fazendo. Anthony parecia estressado, tomado por um sentimento confuso que não fazia sentido.

— Está bem… desculpe-me — respondeu ela, com um sorriso frio. — Gostaria de um café?

— Layla… eu… olha, não quis ser grosseiro.

— Está tudo bem, Anthony — ela sorriu de leve. — Então, o café?

— Sim, claro. O de sempre.

Layla saiu da sala e Anthony se jogou na cadeira, prestes a puxar os cabelos pela cena ridícula que fizera. Seu telefone começou a tocar e, quando viu quem era, sentiu ainda mais raiva. Desligou o aparelho e o jogou na gaveta.

Quando Layla retornou, trazia dois cafés e dois croissants. Sentou-se à mesa do outro lado da sala e olhou o celular. Anthony percebeu quando ela franziu a testa ao ler alguma mensagem.

— Preciso que esteja pronta no domingo, às três — ele disse de repente.

— Hã… para quê?

— Faremos uma viagem de três dias à Alemanha para tratar de negócios. Preciso de você lá.

Mentiroso.

Ele sabia disso. Falava alemão fluentemente e não precisava dela. Mas então por que estava pedindo sua presença quando não era necessário?

— Eu… — Layla pareceu preocupada. — Está bem, Anthony.

— Algum problema? — ele perguntou.

— Não, nenhum, senhor.

Anthony viu quando ela tentou esconder sua preocupação, mas decidiu não insistir. Ele não era tão invasivo assim. Ou, pelo menos, esperava não ser.

O resto da semana passou normalmente.

Anthony continuou ignorando as ligações insistentes que recebia. Sua mente estava uma bagunça e ele precisava ficar sozinho para pensar.

Na noite de sábado, nos sonhos, reviveu tudo que sentiu cinco anos antes: a pele quente daquela mulher linda, os lábios macios, os gemidos abafados sob seus beijos e aquela voz sussurrando sempre o mesmo:

“Anthony… Oh, isso, Anthony…”

"Mais forte, mais rápido, mais fundo..."

"Mais, mais, mais"

Seu nome. Só o nome dele. O pedido por mais. Talvez fosse por isso que insistiu para que ela o chamasse assim.

Ele acordou suado, foi para o chuveiro e se enfiou embaixo da água gelada.

— O passado deve permanecer lá — repetiu baixinho, como um mantra, até conseguir dormir de novo.

Na manhã de domingo, abriu o e-mail para conferir a resposta de Layla e percebeu o

erro: não tinha informado o horário em que ela deveria estar na empresa. Layla perguntava isso no e-mail anterior. O relógio marcava sete da manhã. Talvez ela chegasse às oito, como sempre. Se ele respondesse agora, talvez ela não visse a tempo.

Então pegou o telefone e ligou para o gerente de RH.

— Jones? O que diabos quer me ligando às sete de um domingo? — James resmungou, sonolento.

— Onde a Layla mora? — Anthony foi direto.

— Como é que é? Por que quer saber?

— É urgente, James.

— Ok, ok. Vou enviar o endereço.

O homem desligou irritado, mas eles resolveriam aquilo depois. James era seu amigo há anos e um dos responsáveis por ajudá-lo a assumir os negócios do pai.

Segundos depois, a mensagem chegou. Era um bairro simples, não muito longe. Anthony se arrumou rapidamente, saiu de casa e dirigiu até lá. A viagem durou vinte minutos. Estacionou diante do prédio, respirou fundo e subiu.

Ao chegar no apartamento 502, bateu duas vezes. Uma jovem de uns vinte anos abriu a porta, observando-o de cima a baixo.

— Posso ajudá-lo, senhor?

— Estou procurando Layla. Ela mora aqui?

— Sim, senhor. Ela está se despedindo do Tyler. Vou chamá-la.

A garota virou as costas e entrou. A porta ficou aberta, permitindo que Anthony visse parte da sala. Era organizada, mas havia brinquedos em um canto.

A pergunta veio como um soco:

Tyler era o marido dela? E eles tinham um bebê?

A ideia de ter ido até lá pareceu péssima.

— … porque eu preciso ir, amor. Prometo que trago presentes na volta, pode ser? — a voz dela se aproximava, risonha. Ele ficou tenso.

— Acho que é o tio James. Você quer vê-lo?... Ele é…

Então Layla apareceu. E tudo fez sentido.

Os brinquedos. A voz suave. A despedida.

Ela veio com uma criança no colo. O menino já era grandinho, talvez quatro ou cinco anos. Estava com a cabeça no ombro dela e, quando tentou levantá-la, Layla o empurrou de volta, como se não quisesse que ele olhasse.

— Diana, por favor, leve o Tyler lá para dentro — ela disse, séria.

Layla parecia horrorizada. Anthony se sentiu culpado. Quis voltar no tempo.

A garota pegou o menino e o levou para dentro.

— S-senhor… Anthony, o que está fazendo aqui? — ela perguntou, nervosa.

— Me desculpe. Não quis invadir sua casa. Eu só vim avisar que nosso voo é às duas da tarde. Você está vestida para o trabalho… estava indo, não?

— Sim, você não me disse o horário. Imaginei que fosse agora — ela respondeu, tentando se recompor.

— Por isso vim avisar. Me desculpe novamente. Eu vou indo.

Ele deu um passo para trás.

— Bom, também vou indo. Quero aproveitar esse tempo para adiantar algumas coisas.

Anthony a encarou da cabeça aos pés. Maldição. Ela estava linda.

— Vamos. Eu te dou uma carona.

— Não precisa, eu…

— Eu insisto.

Layla respirou fundo, correu para pegar a bolsa e deu algumas instruções antes de sair. Anthony ouviu uma risadinha infantil ao longe.

Ela voltou com uma mala pequena e a bolsa no ombro.

— Vamos.

Layla parecia indisposta a conversar dentro do carro e mesmo curioso, Anthony não quis ser invasivo. Mas ele tinha a sensação de que muito em breve eles falariam sobre aquilo.

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