Respiro aliviada. Quando decidi que viajaria sem Henrique e que o casamento estava cancelado, minha mãe teve um chilique gigantesco e chegou a ser hospitalizada para tomar alguns calmantes. “Vá embora e viva a sua vida”, foi o que meu pai me disse. “Já estamos velhos e passamos por muita coisa. Não se amarre a quem não te merece”. E foi o que eu fiz.
— Te agradeço, Vavá. — Disse de coração. — Obrigada por se preocupar com meus pais.
— Só que tem mais uma coisinha. O Henrique apareceu lá em casa.
Meu estômago embrulhou. Não sei se foi a cerveja, ou o movimento do navio, ou a menção do nome do idiota traidor. Como eu não disse nada, Vanessa continuou.
— Ele estava com uma cara horrível, fedendo a bebida, fedendo a sujeira. Acho que ele não tomava banho há alguns dias, Márcia. Deu até pena.
— Ah, fala sério! Você se compadeceu dele?
Vanessa solta uma gargalhada maldosa.
— Lógico que não! Fui irônica apenas.
Suspiro de alívio, minha amiga nunca me trairia.
— Amiga, escuta, — Sussurro. — C