“Márcia”
— É uma longa e intrincada história, que vou te contar em detalhes quando tiver uma oportunidade melhor. No entanto, acredito que você se lembre da vez em que socorreu um homem estrangeiro na Barra da Tijuca. Um homem de terno que estava ensanguentado, após ter sido agredido por supostos ladrões.
Uma luz de esclarecimento ilumina meus olhos.
— Nossa, mas isso tem muito tempo. Faz o quê? Uns dez anos.
Ele anui com a cabeça.
— Eu estava voltando da faculdade à noite e vi um carro saindo em alta velocidade e um rapaz que não falava a nossa língua todo arrebentado no chão. Era tanto sangue escorrendo que eu não conseguia nem ver seu rosto direito. Só me lembro de que ele falava “socorro, me ajude” com um sotaque carregado. Pensei que fosse japonês.
Ele sorriu com a minha observação.
— E você ficou ao meu lado, chamou o Socorro e foi comigo até o hospital Lourenço Jorge.
Eu ergo o rosto mais ainda e abro a boca.
— Você se lembra? Eu pensei que estivesse muito mal para enxergar alg