Instintivamente olho para trás e me deparo com a assistente Kim Na-Ri com os olhos em fogo direcionados para nós. Eu gelo por dentro ao vê-la. Seu olhar é puro ódio. Eu que não quero ficar sozinha com essa mulher, não sei do que ela é capaz.
Sua postura é de ataque, como uma onça, pronta para avançar. Ela se esgueira até nós devagar, com passos calculados e quando está perto da mesa, mais precisamente ao lado de Park, balbucia algumas palavras em coreano.
Park, imperturbável, continua sentado, olhando para mim. Vira ligeiramente sua cabeça para a mulher e a observa com uma frieza gélida. Ele está irreconhecível.
— Não vê que estou acompanhado? Onde está a sua educação? Fale em português.
Ela ainda insiste em falar com ele em coreano, sua voz mais fina e esganiçada. Na-Ri tem o corpo enrijecido, colérica. No entanto, ela continua altiva, nem sequer um olhar ela dirige para mim. Um vaso de planta seria mais respeitado por ela do que eu.
O tom de Park fica mais grave, assustador.
— Ou vo