Quando terminou, Isabella demorou alguns segundos para responder.
— Você... tem um dom. Não é só música. É como se você transformasse o que sente em som.
Ele desviou o olhar, sem jeito.
— Nem sempre é fácil acreditar nisso. Mas... quando você fala assim, parece real.
Ela suspirou, abraçando os joelhos.
— Acho que eu também tenho dificuldade de acreditar em certas coisas. Que existe vida fora daqui, que eu poderia ser mais do que apenas a neta de Seu Anselmo. Às vezes, me sinto presa.
Rafael a olhou com atenção. Era a primeira vez que Isabella deixava transparecer uma fraqueza.
— Você não é só isso, Isabella. Eu vejo como você se dedica à fazenda, como segura o mundo nos ombros sem reclamar. Eu... admiro você.
As palavras saíram antes que ele pudesse pensar. Isabella o encarou surpresa, e por um instante o coração de Rafael disparou, temendo ter dito demais. Mas ela não recuou.
— Obrigada. — murmurou, baixando os olhos — Acho que ninguém nunca me disse isso desse jeito.
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