O amanhecer chegou tímido, como se a fazenda ainda se recuperasse da tormenta da noite anterior.
O cheiro de terra molhada dominava o ar, e o orvalho brilhava nas folhas das árvores como pequenas promessas. Isabella acordou com o som dos galos e o canto distante de um sabiá. A cabeça doía levemente — talvez pelo frio, talvez pela enxurrada de emoções que ainda não havia passado.
Por um instante, ficou deitada, revivendo cada detalhe da noite anterior: o desespero, a chuva, o toque de Rafael, o olhar dele tão perto do seu. Aquilo não tinha sido apenas medo ou gratidão. Tinha sido verdade.
Ela levantou devagar, vestiu uma blusa de manga longa e saiu. O sol surgia entre as nuvens, e a fazenda parecia suspirar em alívio. O riacho corria mais manso, o bezerro salvo mugia baixinho no curral, e Seu Anselmo já estava sentado na varanda, afiando a velha faca de poda.
— Dormiu bem, menina? — perguntou ele, sem levantar o olhar.
— Mais ou menos… — Isabella respondeu, sentando-se ao lado — A c