O céu amanheceu pesado, carregado de nuvens baixas que prenunciavam tempestade. O cheiro de terra úmida se espalhava pela fazenda como uma lembrança antiga. Isabella acordou antes do sol, inquieta. Tinha sonhado com Rafael — de novo. No sonho, ele estava indo embora, caminhando estrada afora com o violão nas costas, e ela gritava o nome dele, mas o som não saía. Ao abrir os olhos, o vazio no peito era o mesmo do sonho.
Desde o último desentendimento entre eles, o silêncio havia se tornado um morador constante da fazenda. Rafael evitava o olhar dela, falava apenas o necessário com Seu Anselmo e passava as noites longe da varanda, onde antes tocava para o vento.
Isabella tentava se convencer de que era melhor assim. Que manter distância o protegeria, e protegeria a si mesma. Mas, naquela manhã, tudo nela gritava o contrário. Ela vestiu uma camisa do avô, amarrotada e larga, e saiu em direção ao curral. As nuvens já começavam a despejar os primeiros pingos quando avistou Seu Anselmo ap