DOMINIC LEXINGTON. Eu perdi a porra do controle de novo. Sabia disso. Não consegui dormir depois de tudo que fora despejado em mim, porque eu realmente a forcei a me contar. Ódio me tomou por inteiro depois disso. Impaciente, caminhei de um lado para o outro como um animal enjaulado dentro do maldito cômodo destruído.Eu deveria viajar até lá e buscá-lo pessoalmente. Eu deveria torturá-lo até perder o controle sobre quem eu era ou o quão racional eu já fui um dia. Mas isso não estava tão longe da realidade, estava? Eu estava andando de um lado para o outro como a merda de um touro bravo preso em um lugar confinado. Eu me sentia exatamente dessa mesma forma. Sufocado, era uma palavra perfeita para definir meu sentimento, mas definitivamente não era competente o bastante para resumir tudo o que eu sentia.Esfreguei o rosto com as duas mãos, e tinha certeza de que já estava vermelho de todas as outras vezes em que eu fiz exatamente o mesmo, com força o bastante para doer.Meu celular to
*Dominic Lexington- Dois anos antes...*Olhei a foto da noiva selecionada para mim desde que ainda era uma criança. Aquilo me pareceu errado na época, mas ainda não era como se eu fosse o dono das minhas próprias decisões.Assumimos a Cosa nostra quando nossos pais foram assassinados em uma maldita emboscada da Dea. Ainda estávamos irritados com o que acontecera, mas contratos haviam sido formados, e casamentos deveriam acontecer.Cesare casara-se anos antes, sendo o mais novo a se amarrar num compromisso para assumir o cargo que antes pertencia a nosso pai. Ele nunca falhou em nada em sua vida, e ter filhos cedo era a prova cabal disso.Parado no altar, admirei a foto estampada no meu celular. A garota pequena e franzina que via em sua adolescência agora havia se tornado uma linda mulher. Tanto, que nos últimos meses, viajei para a Venezuela e a vigiei de perto.Como fora ordenado, ela era comportada e recatada. Quase não deixava a casa, ou participava das festas como sua irmã mais v
Baby Ortiz.Meus olhos estavam muito pesados quando os abri durante a manhã. Havia algo gelado pressionado a minha testa, e eu sentia meu corpo inteiro pegar fogo. Não de um jeito bom. Não como o Dominic costumava me fazer sentir quando estava dentro de mim. Parecia-me algo mais torturante. Antes de hoje, nunca havia estado doente na vida, até porque eu não poderia. Esse com certeza seria um pesadelo para mim e para a minha família.— Porra, não está descendo... – O ouvi resmungar.Aquilo me fez recuar na cama, sentando-me ao sentir que estava segura o bastante para amparar as costas contra a cabeceira. Eu nem mesmo olhei para ele, porque simplesmente não podia. Ainda não havia me decidido se contar tudo o que havia dito fez com que sentisse nojo de mim mesma, ou raiva por ele ter me obrigado a voltar ao passado— O que você está fazendo aqui? – Olhei para os lados. Estava tão confusa. Esfreguei os meus olhos quando notei que ainda estavam muito pesados. – Que horas são?— Meio-dia, a
Dominic LexingtonParei de beijá-la quando senti os lábios tão quentes quanto a pele. Ela praticamente me queimava, e não era como se eu não gostasse da sensação, mas Baby poderia acabar piorando se eu entrasse nela. Disposto a parar, ainda que fosse uma maldita tarefa difícil, a afastei de mim. Tirando-a de cima do local inchado no qual ela estava sentada e completamente nua, eu me levantei em seguida.— Fique aí. Vou pegar uma toalha para você.Baby continuou imóvel, exatamente do jeito em que eu a coloquei. Quando retornei com um roupão, envolvi o corpo nu e a levei de volta para a cama, em meu colo. Eu não queria que ela andasse mais do que o necessário, considerando o caminho longo que ela percorreu de volta para a nossa casa.Nossa casa?Porra! Eu estava começando a enlouquecer.Ver os machucados nos lábios me deixava na borda da irritação. Mas ela não merecia conhecer meu lado cruel, então eu apenas mantinha em mente que precisava continuar calmo.Me deitei ao lado dela na cama
Baby Ortiz.Minha garganta estava ardendo em um nó preso, e tão bem instalado ali que pareceu nunca mais descer. Eu o encarei, olhando no fundo dos olhos ciumentos do Dominic, mas não pude reconhecê-lo. Olhar para ele foi como ver um buraco negro do qual, se encarasse por muito tempo, seria sugada para dentro. Tomada por um desespero, deixei que as lágrimas deslizassem pelo meu rosto.Eu ainda estava febril, mas não sentia nada além do meu corpo frio. Minha mão estava gelada quando a raspei contra a nuca suada. Voltei a encará-lo, ainda que aquilo fosse doloroso. Nunca falava sobre isso, e nem deveria. Antes de abandoná-los, prometi para mim mesma que não tinha mais família além da minha avó. Eu não tinha mais ninguém no mundo, e quando ela partisse...Mesmo com o peito em chamas, eu continuei. – Sei que não falo muito sobre o meu passado, mas isso é por que ele dói. Não é fácil falar que meu pai desapareceu quando ainda era uma criança, ou que minha mãe amou tão intensamente seu novo
Dominic Lexington Trouxe a senhora Magdalena para visitar a neta enquanto eu estivesse fora. Não que fosse prudente deixar que uma idosa ficasse na minha casa cheia de armas, quando ela tinha uma condição mental tão instável. Ainda assim, Dilan estaria ao lado da minha mulher para proteger qualquer tipo de avanço da senhora senil.Quando a deixei sozinha, percebi que não seria capaz de deixar a mulher sair da minha vida, porque somente a ideia de estar longe dela por alguns dias deixava-me irritado. A partir dessa sensação, decidi algo que mudaria a vida da minha garota para sempre. Mudaria as nossas vidas...Desembarquei na Itália às dez da manhã de um sábado chuvoso. Entrei no carro a minha espera na pista de pouso, e esperei que dois outros nos seguissem até a casa do Cavalieri. Tinha coisas a acertar aonde ninguém seria capaz de nos ouvir. Ao passo em que assim que o carro parou em frente a uma casa no local um pouco mais isolado, desci apressado. Eu só queria enfrentar tudo de u
Dominic Lexington Balancei a cabeça ao confirmar toda a merda. Doía na minha alma saber que eu a deixei nas mãos de um crápula. Era uma tortura pensar que eu estava saindo com mulheres espetaculares que se entregavam inteiramente a mim, mas que nunca me fizeram sentir metade do que a minha garota foi capaz de fazer apenas ao me tocar, apenas quando eu olhava no fundo dos olhos dela, porra.Sempre foi amor? Porque eu a amava, certo? Somente amor poderia doer dessa forma. Somente amor me deixaria tão doentio a ponto de pensar que mataria qualquer filho da puta sobre essa terra, e tudo por ciúme dela. Porra! – Cesare se levantou. – Eu odeio traição. Eu vou arrancar a cabeça do desgraçado assim que o encontrar.Olhei para o Cavalieri, e ele tinha as pontas das orelhas vermelhas, como se também tivesse cometido um erro grave. Um que eu sabia nomear quem era perfeitamente, e que estava prestes a se casar. Mas eu nunca trairia nenhum dos dois, então toda a situação estava me deixando ainda
Dominic Lexington 2 anos antes, no dia do casamento...Usava um terno branco num dia ensolarado, embora estivesse dentro de uma grande catedral católica. Eu não era o tipo de homem que sorria com frequência. Na verdade, controlar qualquer emoção fazia parte de mim de maneira tão enraizada que mal podia me lembrar quando fora a última vez em que mostrara os dentes em público.Olhei para a decoração da igreja. As flores-do-campo, por que sabia que Melanie as adoraria tanto quando as do sítio de sua avó. As paredes adornadas em ouro que contrastava com a pureza de todo o resto. Tudo milimetricamente planejado por mim, de maneira que nunca pensei que faria.Eu nunca na vida imaginei que seria um homem que sonhava em se casar, ou que daria graças a deus por ter tido um casamento arranjado, mas era o que acontecia naquele momento. Eu sempre recebia fotos da minha noiva, embora ela não fizesse a menor ideia de que eu as tinha em meu celular. E pensando nisso, desbloqueei a tela e encarei o s