Baby Ortiz.Depois que a minha avó foi embora, me vi a visitando algumas vezes por semana. Claro que Ava estava sempre ao meu lado. Mais precisamente agarrada ao meu braço. Não sabia o que se passava na cabeça dela, mas tinha a ligeira desconfiança de que pensava que o lugar todo era um manicômio.Quer dizer, posso entender o pensamento. Havia alguns gritos. Mas eles eram bem tratados aqui. O lugar mais parecia uma mansão cheia de quartos, que uma casa de repouso. Claro que não havia escadas. Os cuidadores disseram-me que a Sant Mary não poderia ter nada que ocasionasse ossos quebrados em seus internados.— Por favor, vamos embora. Até os pelinhos da minha bunda estão arrepiados. Esse lugar é sinistro. — Ela se agarrou ainda mais ao meu braço.Olhei para a minha amiga encolhida, a um passo levemente atrás do meu. Os olhos dela eram como os daqueles gatos assustados dos desenhos animados. – Não seja medrosa! – Ralhei. – Ninguém vai fazer mal a você. Na verdade, ninguém aqui faria mal a
Dominic Lexington — Você está bem? – Andei em direção a ela. Porra, Baby era a minha mulher, então sabia que havia algo de errado, por que sabia até onde poderia ir, e ela aguentava a pressão. Aguentava qualquer coisa, por que era corajosa demais para se render.Ela fungou. Os olhos profundos de quem havia chorado. Segurei a mão dela e a tirei daquele lugar sujo. Ava cuidava para que alguém viesse limpar a bagunça antes que um velho de ossos frágeis acabasse escorrendo ali, e uma tragédia acontecesse.Ela me agarrou pela cintura, em um abraço de desespero, assim que chegamos ao lado de fora. Se por um lado, me sentia feliz pela reação, por outro sentia que a tensão finalmente começava a me atingir, porque ser fotografado com ela em público geraria coisas das quais eu não queria lidar agora. Não novamente. Ainda assim, envolvi meus braços ao redor dela, levando-a direto para o carro. Minha mente estava a mil e um pensamentos conflituosos.— Há quanto tempo isso está acontecendo? Há qu
Dominic Lexington Deixei a minha garota em casa, e depois de um dia tentando acalmá-la de que o melhor seria deixar sua avó sozinha naquele asilo, com a promessa de que seria melhor cuidada, Baby finalmente havia parado de insistir que eu a deixasse morar na mesma casa que nós. Seria um inferno controlar a língua satânica daquela velha nos momentos de lucidez, e a safadeza quando decidia que eu era atraente o bastante para ser agarrado. Esperando a poeira baixar, aguardei ansioso pela ligação da clínica. Eu só precisava da palavra de um dos médicos atestando que a mente dela não fugiria num determinado momento do dia, e isso, para ainda contar com a sorte de chegar a tempo para a nossa conversa, sem que ela se perca em pensamentos aleatórios, ou em fantasias que, aparentemente criou comigo.Beijei a minha mulher que estava satisfatoriamente sentada no meu colo enquanto assistíamos algo na televisão, e que, definitivamente, não estava prestando atenção, quando o celular finalmente
Baby Ortiz. Quase tive um infarto quando ouvi passos entrando na sala da lareira. O calor estava me deixando bastante confortável, a medida em que o sono começava a me atingir. Verdade era que, não queria dormir sem ele. Acho que nem poderia.Bom, agora eu estava sentada no sofá, com as mãos no peito e me esforçando para respirar. Estava difícil. Todo o ar parecia ter sido completamente drenado de mim.— O que aconteceu com você? – Ava invadiu a sala.Ela já não usava o uniforme que Dominic costumava insistir para que todos os funcionários vestissem. Sua roupa indicava que ela estava prestes a sair para algum lugar. Mesmo assim, o susto de quase desmaiar estava me afetando mais que o fato dela sair a essa hora da noite.— Eu... Eu não sei... Quase engasguei.— Como assim, “quase engasgou”? – Ela imitou meus gestos de dedos. — Não sei. Estava deitada, e a pipoca voltou. Achei que fosse morrer de totalmente patético. O rosto da minha amiga tornou-se sombrio. – Ah... – Ela olhou para
Dominic LexingtonA música no salão não passava de uma maldita distração. Eu cumprimentei dois homens mal-encarados quando entrei, e de alguma maneira, eles sorriram assim que puseram os olhos sobre mim. Talvez, o fato de estar entre os vinte homens mais ricos do mundo fosse o segredo. Parei diante de um palco, com uma extensão de passarela montada. Aquilo não era o tipo de coisa que eu costumava concordar, mas estava de saco cheio da monotonia que tenho passado desde que a minha noiva. Não, ex noiva... Enfim, eu não pretendo pensar naquela filha da mãe agora.Um homem anunciou que o leilão começaria em apenas cinco minutos, e todas as pessoas procuraram seus respectivos lugares a partir daquele momento. Não se enganem. Não havia mulheres nesse lugar, exceto, as que entrariam no palco, e elas, bom... elas seriam a mercadoria.Procurei por uma cadeira e me sentei na primeira fileira. A placa estava bem ao meu lado, e eu não tinha qualquer intenção de levantá-la esta noite. Meus pensame
Baby OrtizEu prendi a minha respiração, estalei os dedos e me preparei para o pior. Olhando aqueles homens sedentos, sentados em suas cadeiras, e os valores que as mulheres receberam, eu me sentia enjoada. Eu não queria estar nesse lugar, mas não era como se tivesse alguma escolha. Fechei os olhos e me preparei para entrar no palco. ‘Confiança. Você consegue! Você consegue!’, repeti isso na minha cabeça umas mil vezes, coloquei um sorriso qualquer, e andei até o palco.Uma falha, e eu sabia das consequências severas que me esperavam. A celebrada da noite. A minha virgindade estava prestes a ser vendida. Que ótimo... Como se eu precisasse de mais esse problema.– Direto do país com a maior quantidade de vencedoras do miss universo, Venezuela! – Talvez não seja possível notar, mas o desgraçado me empurrou. Eu voltaria e daria um chute nele, se eu pudesse. – Vinte e um anos, dança balé. E a surpresa da noite, senhores. Ela é virgem. Nossa, uma grande merda!Andei como se aquela passar
Dominic Lexington Os olhos dela estavam mais que saltados. Eu podia sentir o corpo dela se tremendo, quando me posicionei atrás e colei minha boca naquela orelha linda. – Indo a algum lugar?– E... Eu. Eu estava tentando ir ao banheiro.Apertei com um pouco mais de força. – Nunca minta para mim, amor. Não vai gostar de me deixar com raiva! Segurei na mão daquela mulher, e merda... Ela era mais linda pessoalmente. Eu estava louco para levá-la para casa. Eu a queria na minha cama com urgência. Caminhei pelo salão, enquanto sentia como os passos dela eram vacilantes.– Tem certeza que vai fazer isso? – Meu caminho foi interrompido. Eu estava irritado. – Ela vai descobrir!– Porra! Sai da minha frente. – Eu sentia os olhos dela em mim. Eu sabia que a mente estava cheia de perguntas, mas apreciei que ela as deixou dentro de sua cabeça. Todas as mulheres com quem costumava sair falavam demais.– Sua noiva não vai gostar. Pelo amor de Deus, Dom! – O irmão dela tentou argumentar.Que se foda
Eu não parava de arfar. Meu peito subia e descia. Estar ajoelhada no chão duro fazia com que meus joelhos se ferissem. O vestido não estava me ajudando em nada, e os homens ao redor me olhavam com curiosidade. Se soubesse que havia homens do lado de fora, jamais teria tentado fugir. Eu conhecia as regras. Eu fui burra. Havia um preço para cada erro que eu cometia, e eu pagaria bem caro por eles agora.Meus olhos se fecharam, esperando pelo pior. Eu, no fundo, rezava para que aquilo fosse muito breve. Já vi coisas na minha vida sofrida, e definitivamente, esperava que pudesse passar ilesa por esses homens. Uma morte rápida e limpa, sem que me usassem. Mas então, aquele barulho imenso. Eu não esperava que alguém me ouvisse. Depois de um soco no estômago, não havia motivos para pedir socorro. De toda forma, quem o faria? A quem eu queria enganar? Homens que compravam mulheres eram verdadeiros cretinos, e nunca se importariam comigo.Mas, como se por um milagre, aquele homem entrou. Ele p