17 | CÂNTICO FÚNEBRE |
Angeline...

O sussurro pairava no ar como uma cantiga hipnótica, e eu a seguia, sem resistir. O som dos meus pés descalços, abafados contra o chão inundado por águas rasas e escuras, encobria minha presença. As paredes rochosas e escorregadias emanavam um frio intenso que penetrava meu vestido branco e invadia meu corpo gelado como o de um cadáver.

Angeline...

Hipnotizada pela suavidade do som do meu nome, meus pés se arrastaram hesitantes à frente. Meu tronco balançava, como uma árvore fragilizada pelo vento primaveril. Minha mente estava anestesiada, incapaz de conectar um pensamento ao outro, de recuperar a consciência.

Angeline...

Procurei ao redor, na imensidão daquele espaço sombrio, jamais tocado pelo sol. Uma luz fraca acendeu-se de repente, iluminando um candelabro corroído pela ferrugem, pendendo de um pilar castigado pelo tempo e pela umidade. Ao fundo, madeiras estilhaçadas se amontoavam cobertas de musgo, enquanto um emaranhado de cordas podres se assemelhava a um ninho d
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