O calor foi a primeira coisa que senti. A lareira ainda soltava brasas preguiçosas, e o corpo de Ellie continuava colado ao meu como na noite anterior. Em algum momento da madrugada ela se virou, encaixando o rosto no meu pescoço, a perna sobre a minha.
E eu deixei.
Fingi que dormia. Fingi que não sentia.
Só que agora o sol começava a invadir pelas frestas da janela, e o silêncio da cabana parecia mais alto que nunca.
Ela se mexeu devagar, com aquele jeito preguiçoso de quem acorda sem pressa. Me perguntei se estava acordada há muito tempo. Se tinha percebido como me mantive imóvel, como prendi a respiração quando os lábios dela roçaram meu pescoço sem querer.
— Bom dia. — a voz dela veio baixa, rouca de sono.
— Hm. — murmurei, sem coragem de me mexer ainda.
Ela se sentou, esticando os braços, os cabelos bagunçados caindo pelas costas. Espreguiçou-se como se estivéssemos em um quarto com portas, paredes e distância. Como se não tivesse me deixado um inferno de carne e vontade na noite