Quando acordei alguns dias depois, a casa ainda cheirava a pinho e canela. A lenha estalava na lareira, o dia nascendo devagar pela janela da cozinha. A neve tinha coberto tudo lá fora durante a madrugada, os montes brancos no campo pareciam intocados, puros. Mas dentro da fazenda Carter, o novo ano já começava cheio de movimento.
Escutei passos apressados, o tilintar de louça e a voz da mãe da Ellie dando ordens a si mesma.
Faz alguns dias que mal converso com Ellie, ela está distante, e talvez envergonhada. De vez em quando, nossos sentidos mais apurados nos faz passar vergonha.
— Não esquece os ramos secos. E a fita vermelha, onde é que foi parar a fita...
Desci as escadas devagar, esfregando o rosto com as mãos. Ainda me acostumando com a luz do dia, e com o fato de que aquela era, oficialmente, minha primeira manhã de Ano Novo na fazenda dos Carter, trabalhando, claro. Sem direito a ressaca ou descanso.
Na cozinha, a senhora Carter já estava de avental, o cabelo preso num coque b