Aquela era uma das fotos tiradas na última vez que eles tinham ido ao parque de diversões. Naquele dia, os funcionários do parque, numa tentativa de agradá-lo, tiraram inúmeras fotos dos três juntos. Mas, do ângulo em que Orson estava, ele pôde perceber algo: ele havia sido cortado da foto. Restavam apenas Zara e Natália, transformadas agora na imagem de perfil dela nas redes sociais. — Desculpe, vou atender uma ligação. — Disse Emory, lançando um rápido sorriso para ele. Sem esperar pela resposta de Orson, Emory simplesmente pegou o celular e saiu do salão. Orson permaneceu parado, sem se mover. Depois de alguns segundos, ele deixou escapar um leve riso, carregado de ironia. Ele sabia. Como Emory poderia não se importar? Era óbvio que ele tinha tirado o celular do bolso de propósito, apenas para exibir a relação entre ele e Zara. Orson também sabia que aquela postura de indiferença e sinceridade de Emory era pura encenação. Toda aquela naturalidade... Era só fachada, não e
Orson seguiu Emory de perto, mesmo ciente de que seu comportamento era desprezível. Aquilo não era algo que ele deveria fazer, mas, por mais que tentasse, não conseguiu se controlar. Ele chegou a considerar fazer uma transmissão ao vivo para Zara, mostrando exatamente o tipo de homem que ela havia escolhido. Mas não fez isso. Ele sabia que, mesmo que o fizesse, não teria qualquer credibilidade. Além disso, simplesmente não queria se rebaixar a esse ponto. O que ele realmente queria era acabar com a farsa de Emory ali mesmo. Desmascará-lo e afastá-lo de Zara de uma vez por todas. Para Orson, Emory não era nem de longe digno de estar ao lado dela. Pouco tempo depois, Emory entrou com aquela mulher em um quarto de hotel. Orson não foi atrás imediatamente. Ele ficou do lado de fora, acendeu um cigarro e o fumou até o final. Só então começou a caminhar lentamente até a porta. Seus movimentos eram deliberados, sem pressa. Quando chegou, levantou a mão e bateu algumas vezes na porta
O leve sorriso que ainda pairava nos lábios de Orson se desvaneceu lentamente. Ele voltou a encarar Zara, que o olhava de volta com uma expressão nada amigável. A impaciência e o desprezo estampados nos olhos dela eram inconfundíveis. Sim, aquele olhar era, sem dúvida, o dela. Zara tinha cortado o cabelo. Ela estava ali, naquele quarto, com Emory. Esses dois fatos eram como lâminas afiadas cravando-se impiedosamente no coração de Orson. Sua mão se fechou involuntariamente em um punho, e ele mordeu os lábios com tanta força que sentiu o gosto de sangue. Mesmo assim, ele se recusava a desistir. — E você? O que está fazendo aqui? — Perguntou ele, com a voz baixa, mas carregada de tensão. Depois de falar, Orson deu alguns passos na direção dela. A resposta estava clara como a luz do dia. Um homem e uma mulher sozinhos, no meio da noite, em um quarto de hotel. O que mais poderiam estar fazendo? Certamente não estavam ali apenas para bater um papo. Zara tinha acabado de tomar ban
Então, Orson começou a caminhar em direção a eles, com o punho erguido, pronto para agir. Mas, no instante seguinte, sua mão parou no ar, completamente imóvel. Não foi porque ele havia desistido de agir, mas porque Zara se colocou na frente de Emory, bloqueando o caminho. Ela estava ali, parada, olhando diretamente para ele. O olhar frio e firme dela fez Orson recuar, trazendo uma inesperada onda de calma. Ele a encarou, mas seus olhos estavam cheios de confusão e descrença. — Saia daqui. — Disse Zara, com a voz firme. — Orson, eu cortei o cabelo ou fiz qualquer outra coisa, e nada disso tem a ver com você. Se você não sair agora, eu vou chamar a polícia. Aqui é um hotel. Se você quer causar um escândalo, pode tentar. Orson não respondeu. Apenas permaneceu em silêncio, olhando para ela. Aos poucos, a mão que ainda estava suspensa no ar começou a descer lentamente. Ele desviou o olhar para Emory, que o encarava com a testa franzida, mas em silêncio. Orson soltou uma risa
Ela parecia ocupada, então Emory não disse nada, apenas assentiu com a cabeça. Zara se virou e abriu a porta do quarto. Natália ainda estava dormindo. Seu rosto parecia calmo e sereno, claramente não tinha sido incomodada pelos barulhos do lado de fora. Zara se ajoelhou ao lado da cama e, com cuidado, ajeitou o cobertor sobre a menina. Depois disso, saiu do quarto novamente. A recepção já tinha mandado o kit de primeiros socorros, e Emory estava sentado no sofá próximo. Ele havia aberto a caixa, mas ainda não tinha usado nada. Zara se aproximou rapidamente, abriu o pacote de gelo e o entregou a Emory. — Obrigado. — Disse ele, com um leve sorriso. Zara, no entanto, mordeu os lábios antes de dizer: — Desculpa. Hoje... Eu acabei te envolvendo nisso. — Envolvendo? — Emory pareceu surpreso. Logo em seguida, riu. — Do que você está falando? Isso não tem nada a ver com me envolver. — Mas... — E você não se machucou por minha causa antes? — Rebateu Emory. — Além disso, o
Depois de dois meses sem visitar a Residência do Lago, os pés de manga estavam todos carregados. Natália já tinha comentado antes que estava com vontade de comer mangas. Ela adorava ficar debaixo da mangueira, olhando para cima e contando os frutos um a um. Assim que chegaram, Natália começou a insistir que queria colher as mangas com as próprias mãos. Marta, como sempre, não conseguia negar nada para a menina. Imediatamente pediu que trouxessem uma escada e garantiu que alguém a acompanhasse enquanto subia. — Cuidado, Natália. — Disse Marta, franzindo a testa. — Não tenha pressa. Isso, pegue aquela mais de baixo. Embora fosse evidente o carinho que Marta tinha por Natália, sua preocupação também era genuína. Só depois que a menina desceu da escada com a manga em mãos, Marta finalmente suspirou de alívio. Natália, porém, nem esperou firmar os pés no chão. Correu em direção a Zara, segurando o fruto como um troféu. — Mamãe, é para você! — Disse ela, o rosto suado, mas com
Depois do episódio com Percival, Orson usou a justificativa de que Paula já estava "em uma idade avançada" para colocá-la em um asilo. Embora fosse o melhor asilo de Cidade N, o local tinha regras extremamente rígidas: visitas externas eram restritas e os internos não tinham permissão para sair. Se Paula estava vivendo seus últimos anos em paz ou não, quem poderia saber? Naquele momento, se não fosse pela aparição repentina daquele homem, Zara quase teria se esquecido de que ainda existia alguém como Paula na família Harris. — Dona Marta, o médico já realizou o diagnóstico de Dona Paula hoje. — Disse o homem, em um tom respeitoso. — Ela... Não tem muito tempo de vida. Dona Paula não se preocupa mais com questões materiais. Seu único desejo agora é ver o neto. — Percival? — Marta respondeu com indiferença. — Ele está no exterior. Duvido que consiga voltar a tempo. — Se o Sr. Orson concordar, acredito que Percival ainda poderia encontrar um tempo para vê-la. Por isso, gostari
Era a primeira vez que Zara visitava o asilo onde Paula estava internada. E, ao que tudo indicava, seria também a última. Natália também nunca tinha estado em um lugar como aquele. Seus olhos curiosos observavam tudo ao redor. De repente, ela virou a cabeça para Zara e perguntou: — Mamãe, por que ali onde estavam tomando sol só tem velhinhos? — Porque aqui é um asilo, meu amor. Só os idosos moram aqui. — E os filhos deles? — Devem estar trabalhando fora. — Mas eles não ficam com eles? Deve ser muito solitário. Quando Natália terminou de falar, o homem que as guiava à frente virou a cabeça e as olhou rapidamente. Zara não respondeu nada. Apenas apertou com mais força a mão da filha. Naquele dia, Marta também tinha ido com elas, mas não quis entrar para ver Paula. Ela sabia que não era a pessoa que Paula desejava ver em seus últimos momentos. Por isso, optou por esperar do lado de fora do quarto. — Sra. Zara, por favor, por aqui. — Disse o guia, mantendo o tom sempre