Narrado por Leonid Raskolnikov
Ela passou as mãos pelo meu pescoço, seus dedos roçando minha pele como se quisessem memorizar cada centímetro.
Seus olhos buscavam os meus com a ousadia de quem se despede do medo.
Beijou-me com a lentidão de um poema antigo, e sua boca tinha o gosto do inverno prestes a se render à primavera.
— Don… — sua voz era uma prece abafada, e eu a senti vibrar contra meus lábios. — Eu tenho vontade de fazer algo…
Inclinei o rosto, observando-a com a cautela de quem toca um cristal prestes a trincar.
— O que seria? — perguntei, ainda sem soltá-la do meu abraço.
Ela hesitou. Uma hesitação ensaiada, como quem provoca o destino com as pontas dos dedos.
Mordeu o lábio inferior, os olhos dançando entre timidez e ousadia.
— Eu quero experimentar… fazer aqui.
— Você está me dizendo que quer fazer amor aqui? Na pista?
Ela assentiu, e um sorriso torto se desenhou no canto de sua boca.
Não era inocência.
Era desejo vestido com o perfume da liberdade.
— Quero te sentir ne