Narrado por Zalea Baranov
Parei ao lado dele, os olhos fixos nos de Ivan. O mesmo homem que me deu um sobrenome e me roubou o nome. O mesmo olhar gélido que, por anos, me reduziu ao silêncio. Mas dessa vez, algo havia se partido — ou se libertado — dentro de mim.
Eu não era mais sua filha.
Era seu erro.
O silêncio que se formou entre nós era mais cortante que qualquer palavra. Era o som do fim. Aquele ar carregado de velhas mágoas, agora preenchido por um novo tipo de poder: o meu.
Ergui o queixo como quem ergue uma lâmina.
— Adeus, papai. — Minha voz soou baixa, mas cortante como o aço. — Nos vemos quando você aprender… que a garota que você tentou moldar morreu no dia em que aprendeu a arder.
Vi o músculo em sua mandíbula pulsar. Um tique nervoso que ele não conseguia esconder. Mas ele permaneceu calado. Porque no fundo… ele sabia. Sabia que tinha perdido.
Leonid se aproximou, sua mão deslizando pelo meu braço com a firmeza de um pacto silencioso. E eu o deixei. Não por submissão, m