A câmara ficou escura de um jeito que não era natural. Não era só falta de luz. Era como se a escuridão tivesse peso, como se estivesse viva.
Lyria abriu os olhos, mas não adiantou. Não via nada. Não sentia o chão sob os pés. Não sentia o ar entrando no peito.
— Kael? — ela chamou.
Nenhuma resposta.
O silêncio estalou como um grito.
Então a voz apareceu — baixa, feminina, cortante.
“Você precisa ver.”
Lyria girou o corpo na escuridão.
— Quem está aí?!
A luz explodiu de repente.
Não na câmara.
Na memória.
Ela estava em uma floresta — ou algo parecido com floresta. O céu era o mesmo cinza rachado do mundo de Kael. As árvores eram tortas, vivas, pulsantes.
E à frente dela…
Uma mulher.
Cabelos longos, escuros. Rosto firme. Olhos determinados.
Olhos iguais aos de Lyria.
A mulher segurava um bebê nos braços.
O medalhão brilhava no peito dela.
— Sou eu? — Lyria sussurrou.
A cena se moveu.
A mulher corria por entre as árvores, o bebê chorando. A respiração dela era rápida, desesperada. Ela ol