Mundo ficciónIniciar sesiónUm Legado Solitário
Alexander ajustou a gravata, seus sapatos engraxados estalando ao entrar na sala de jantar de La Belle, com os lustres lançando uma luz suave sobre as toalhas de mesa brancas.
Seus pais estavam sentados a uma mesa de canto, as pérolas de sua mãe brilhando, as abotoaduras de seu pai refletindo o brilho. Ele deslizou para seu lugar, enquanto o garçom servia vinho tinto em taças de cristal, o líquido girando.
A sala de jantar vibrava com o tilintar dos talheres e conversas baixas. A mãe de Alexander, Eleanor, cortava seu bife, com o olhar penetrante. "Você está atrasado, Alexander", disse ela, com a voz cortante, largando a faca.
Ele tomou um gole de vinho, a taça fria na mão. "A reunião foi longa." Seu pai, Richard, inclinou-se para a frente, o relógio brilhando.
"Sempre uma desculpa, você precisa priorizar a família." Alexander apertou o maxilar, pousou a taça, a base tilintando suavemente.
"Eu administro um hotel, não um clube social." Eleanor franziu os lábios e enxugou a boca com um guardanapo.
"Claire Thompson estava na festa, você mal falou com ela, precisamos dessa fusão." Alexander empurrou o prato, o salmão intocado se mexendo. "Eu não sou uma peça de xadrez."
.A voz de Richard endureceu. "Você tem 35 anos, não tem esposa, não tem filhos, qual é o seu legado?" Os dedos de Alexander agarraram a toalha de mesa, seus nós dos dedos empalidecendo.
Eleanor se aproximou, com a voz baixa. "A empresa dos Thompsons garantiria nossos investimentos, você precisa de herdeiros, Alexander." Ele girou o vinho, olhando para ele, o vermelho refletindo a luz. "Não estou interessado em Claire." Richard zombou, cortando o bife.
"Não se trata de interesse, é dever, você está sozinho, acha que aquele hotel preenche o vazio?" Os olhos de Alexander se voltaram para a janela, as luzes da cidade se turvando lá fora. Ele pousou o copo, com mais força agora.
"Eu me viro bem." Eleanor suspirou, dobrando o guardanapo. "Você está se isolando, estamos tentando ajudar, pense no futuro." Alexander se levantou, sua cadeira raspando. "Eu tenho trabalho." Ele saiu, suas vozes sumindo, sua mãe gritando: "Isso não acabou."
Em sua cobertura, Alexander jogou o paletó sobre uma cadeira, a cidade se espalhando além das janelas altas.
Ele serviu uísque de uma garrafa, o líquido âmbar brilhando, e afundou em um sofá de couro. Seu telefone vibrou , a mensagem de sua mãe: "Claire espera uma ligação, não nos decepcione. "Ele a ignorou, tomando um gole de uísque, a queimação forte. Ele ficou parado, andando de um lado para o outro, seu reflexo no vidro mostrando lábios apertados e olhos sombreados.
Uma foto sobre a lareira chamou sua atençãoum ele mais jovem, sozinho no portão de um internato, seus pais ausentes.
Ele se virou, esvaziou o copo e foi até a varanda, o ar frio da noite em seu rosto.
No hotel, Alexander caminhou pelo saguão, a luz da manhã refletindo nos lustres. Os funcionários corriam, arrumando flores para uma conferência. Ele parou, avistando Sara empurrando o carrinho, as mãos esfregando uma porta de vidro. Seu uniforme desbotado pendia frouxo, seus movimentos rápidos.
Ele observou, os dedos batendo na prancheta, e então se aproximou. "Tudo em ordem?", perguntou ele, em voz baixa. Ela se assustou, sua roupa parou. "Sim, senhor", murmurou ela, com os olhos no chão.
Ele assentiu, demorando-se, e então se afastou, com passos lentos, a imagem dela persistindo em sua mente.
Em seu escritório, Alexander estava sentado à mesa, com papéis empilhados. Seu telefone tocou — seu pai. "Você saiu ontem à noite", disse Richard, com a voz rouca.
"Encontre Claire hoje, sem desculpas." Alexander esfregou a têmpora, recostando-se. "Estou administrando um negócio." O tom de Richard ficou mais áspero. "Você está fugindo de responsabilidades, precisamos de netos, estabilidade."
Alexander desligou, jogando o telefone fora e espalhando papéis. Levantou-se, andando de um lado para o outro até a janela, a cidade abaixo como um labirinto de luzes. Com as mãos cerradas, agarrou o paletó, indo para uma reunião.
A sala de reuniões fervilhava, gerentes folheando relatórios. Alexander levantou-se, apontando para um gráfico.
"Estamos à frente na receita, impulsionem a nova ala", disse ele, com a voz firme. Um gerente assentiu, rabiscando notas. Seus olhos se voltaram para o corredor, onde o carrinho de Sara passou, sua silhueta pequena, mas firme.
Ele fez uma pausa e continuou: "Aberto na primavera". Os gerentes murmuraram, seu olhar voltando-se para Sara, que segurava o carrinho com as mãos. Ele apertou o ponteiro com mais força, concentrando-se no gráfico.
No almoço, Alexander sentou-se na sala de jantar privativa do hotel, com um prato de frango grelhado intocado. Seu assistente, James, aproximou-se, segurando um tablet. "A equipe de Claire Thompson enviou uma proposta, senhor", disse James, deslizando o dedo na tela.
Alexander dispensou a proposta com um gesto. "Mais tarde." James hesitou. "Sua mãe ligou, ela insiste em uma reunião com Claire." O garfo de Alexander fez barulho, ele se levantou e passou por James. "Cuide disso", disse ele, saindo compassos pesados.
No corredor de serviço, Alexander passou por Sara limpando um espelho, com o pano se movendo em círculos. Ele diminuiu o passo, observando-a se esticar para alcançar um ponto alto, o uniforme escorregando levemente. "Cuidado", disse ele, com a voz suave. Ela congelou, o pano na mão.
"Desculpe, senhor", disse ela, dando um passo para trás. Ele acenou com a mão. "Não precisa, só mantenha impecável." Seus olhos encontraram os dela, então ele se afastou, o coração disparado, a presença silenciosa dela o atraindo.
De volta ao escritório, Alexander serviu outro uísque, o copo frio. Seu telefone vibrou, sua mãe novamente. "Claire está esperando, Alexander, não nos envergonhe", a voz dela saiu brusca.
Ele tomou um gole de uísque, colocando-o sobre a mesa com força. "Eu cuido da minha vida." Desligou, andando de um lado para o outro, sua sombra longa no chão.
Uma lista de funcionários estava sobre sua mesa, o nome de Sara circulado a caneta. Ele olhou para ela, os dedos percorrendo a tinta, depois a jogou de lado, indo até a janela, o brilho frio e distante da cidade.
Na manhã seguinte, Alexander caminhou pelo último andar do hotel, inspecionando as suítes. Sara tirou o pó por perto, seu pano deslizando sobre uma mesa. Ele parou na porta, observando-a enxugar o suor da testa. "Bom trabalho", disse ele, em voz baixa. Ela assentiu, sem olhar para cima.
"Obrigada, senhor." Ele se demorou, a mão roçando o batente da porta, depois saiu, seus passos ecoando. No elevador, encostou-se na parede, os dedos tamborilando, as vozes dos pais ecoando em sua cabeça: "legado, herdeiros, sozinho".
Em um jantar com clientes, Alexander sentou-se com investidores, seu sorriso treinado. Uma mulher mencionou Claire. "Ela é adorável, Alexander, um par perfeito", disse ela, tomando um gole de vinho. Ele assentiu, cortando seu bife. "Ela é talentosa." Seus olhos se voltaram para os funcionários do hotel que serviam bebidas, Sara entre eles, com a bandeja firme apesar da postura cansada. Ele desviou o olhar, cortando com mais força, a faca raspando o prato.
Em sua cobertura, Alexander estava na sacada, uísque na mão, as luzes da cidade se espalhando lá embaixo. Seu telefone vibrou, a mensagem de seu pai: "Encontro Claire amanhã, chega de jogos." Ele a ignorou, esvaziando o copo, a queimação o acalmando.
Entrou, abriu uma gaveta e tirou uma carta antiga de seus tempos de internato, com a letra infantil, perguntando por que seus pais não comemoravam seu aniversário. Ele a amassou e jogou no lixo, com o peito apertado.
No dia seguinte, Alexander atravessou o saguão, com os funcionários se movimentando ao seu redor. Sara esfregava uma escada, com as mãos em carne viva. Ele parou, observando-a, e então se aproximou.
"Tudo limpo?", perguntou, com a voz calma. Ela assentiu, suas roupas se movendo mais rápido. "Sim, senhor." Ele a estudou, seus olhos cansados, suas mãos firmes, e então se afastou, com a voz da mãe soando como "você está sozinha". Ele cerrou os dentes, indo para o escritório.
Em uma reunião, Alexander apresentou planos de expansão, com a voz áspera. "Vamos para o oeste agora", disse ele, apontando para um mapa.
Um gerente questionou os custos, respondeu ele secamente, sua mente vagando para a força silenciosa de Sara, as exigências de seus pais. Olhou para o corredor, o carrinho dela sumiu.
Apertou a caneta com mais força, continuando, com a voz firme, mas os pensamentos confusos.
Em casa, Alexander estava sentado sozinho, o copo de uísque vazio. Abriu o laptop, uma foto de Claire Thompson em um perfil comercial.
Fechou-o, ficando de pé, andando de um lado para o outro até a janela. A cidade zumbia lá embaixo, as luzes piscando.
Esfregou o rosto, o rosto de Sara brilhando em sua mente, suas mãos, seu desespero, seu beijo. Serviu-se de outro uísque, o copo frio, sua solidão mais pesada que o brilho da cidade.







