O que começou como um convite isolado para um jantar virou uma espécie de ritual.
Com a rotina apertada de Nice, doutorado pela manhã, durante o período da tarde trabalho como consultora jurídica em um escritório de advocacia, academia ao amanhecer e aulas de dança e luta à noite — as noites livres eram raras. Mas, de alguma forma, Sebastian foi ocupando cada uma delas.
Se não era um jantar rápido em um restaurante, era uma taça de vinho em algum bar discreto. Algumas vezes, um café mais demorado na própria confeitaria aos sábados. Ele se fazia presente, com constância e com intenção e ela, simplesmente permitia.
O convite para jantar na casa dele veio de forma casual, como se fosse só mais uma extensão daquela rotina recém-criada.
— "Você vive correndo de um lado para o outro... Hoje, ao invés de inventarmos desculpas para não sair, venha jantar comigo em casa."
Ela o olhou com aquele semblante calculado.
— "Na sua casa?"
— "Sim. Prometo não tentar te seduzir... a menos que você queira."
Ela riu, balançando a cabeça, mas aceitou.
Naquela noite, ao chegar ao apartamento dele, foi recebida por um espaço tão sóbrio e elegante quanto o próprio Sebastian. Linhas retas, tons de cinza, preto, branco, cada móvel posicionado com precisão, tudo nele refletia o dono.
O jantar estava simples, mas bem feito, ele próprio havia preparado.
Conversaram sobre banalidades, sobre livros que ela gostava, sobre alguns projetos de trabalho e sobre a infância dele, o que foi uma surpresa para Nice, Sebastian raramente falava de si.
Depois da sobremesa, ele a conduziu até o sofá, onde um disco de jazz instrumental tocava baixo, o silêncio se tornou denso. Nice sentiu o olhar dele sobre ela, firme, intenso, como sempre.
Ela tentou desviar. Tentou manter o tom casual.
— "Eu deveria ir embora..."
— "Deveria."
Ele respondeu, mas não se moveu. Não a impediu, nem a incentivou a ficar e ela ficou.O toque veio discreto: a ponta dos dedos dele roçando o queixo dela, virando o rosto dela em direção ao dele. O primeiro beijo foi lento, medido, um convite, não uma exigência.
Ela respondeu de forma hesitante no início, mas, logo foi tomada por algo novo, algo que a fez esquecer como respirar de forma regular.
Sebastian tinha o tipo de beijo que parecia mapear os limites dela e ultrapassá-los com uma calma perigosa, um beijo que por si só lhe deixou excitada, podia sentir a pulsação e a tensão.
Os minutos seguintes foram um borrão de toques, respirações entrecortadas e gemidos contidos.
Ele explorava o corpo dela como quem decifrava um livro escrito em outra língua, mas cuja tradução era feita com as mãos e a boca.Quando a levou para o quarto, ela já não tinha dúvidas do que queria e principalmente, com quem queria.
— "Eu nunca fiz isso..."
A confissão saiu baixa, quase um sussurro, quando ele começou a abrir o zíper do vestido.Ele parou. A expressão de Sebastian mudou de imediato.
— "Nunca?"
Ela balançou a cabeça. O olhar firme, sem constrangimento, apenas verdade.
Ele respirou fundo, como se quisesse processar aquilo. Passou a ponta dos dedos pela linha do maxilar dela, até alcançar os lábios.
— "Então eu vou fazer que seja especial."
Aquela noite não foi apressada.
Sebastian a guiou com paciência, como quem explora território desconhecido com cuidado e precisão.
Cada toque, cada beijo, cada movimento foi uma aula silenciosa de como dar e receber prazer.Ela descobriu que gostava de ser tocada e mais ainda de tocar. Descobriu que gemer não era uma fraqueza, era uma resposta.
E quando finalmente o sentiu dentro de si, o mundo pareceu parar por um segundo. Não foi só o corpo que se abriu, foi a mente, o coração. A barreira emocional que ela tinha construído por anos começava a rachar. Quando adormeceu nos braços dele, Sebastian permaneceu acordado por um longo tempo, observando-a.
E pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu medo de perder o controle.