Os dias que seguiram àquela primeira noite na casa de Sebastian foram uma sucessão de encontros, toques, beijos roubados e noites que terminavam da mesma forma: com os corpos deles entrelaçados na cama dele, na sala e até na cozinha, pareciam se descobrir em cada vai vez mais, em cada encontro a busca pelo prazer, pelo toque, por estar cheio um do outro era necessária.

Nice não era do tipo romântica, ela havia deixado isso claro desde o início. E Sebastian… bom, ele também não parecia interessado em laços emocionais.

Naquela terça-feira, enquanto ela se vestia após mais uma noite quente juntos, ele a observou da porta do quarto, com os braços cruzados, usando apenas uma calça de moletom.

— "Preciso te falar uma coisa."

Ela parou de ajustar o cabelo e o olhou pelo espelho.

— "Isso soa sério."

— "É."

Ele entrou no quarto, pegou o relógio no criado-mudo, mas não o colocou. Passou a mão pelos cabelos escuros com um gesto cansado.

— "Tenho um irmão. Vinicius, somos gêmeos idênticos"

Ela arqueou a sobrancelha, era a primeira vez que ele mencionava qualquer coisa sobre família, mas, ela sentia que ele queria falar algo mais, parecia que estava prestes a jogar uma bomba, como se fosse falar que não podiam se ver mais, ou lago do tipo, Nice respirou e se preparou para o que ia vir e deu brecha para ele continuar.

— "E...?"

— "Ele está... saindo com uma mulher nos últimos meses. E... tem um problema que sempre enfrentamos."

Ela cruzou os braços, esperando.

— "Basicamente... como sou o CEO do nosso grupo econômico e meu irmão decidiu seguir sua careira a parte dos negócios da família, as mulheres costumam se aproximam dele… pra chegar até mim."

O tom de Sebastian era frio. Como se fosse só mais uma transação comercial.

— "Para evitar fazer meu irmão sofrer com esses relacionamentos, pois já tivemos diversos problemas, fazemos um... teste com suas pretendentes. Chamamos de 'dia D'."

Nice franziu o cenho.

— "Teste?"

— "Sim, é simples."

Ele caminhou até ela, parando a poucos centímetros de distância.

— "Ele leva a mulher que está interessado, e em contrapartida eu levo alguém que esteja saindo, o que não costumo fazer muito, então de regra, levo uma acompanhante... e em determinado momento, trocamos. Para testar nossas acompanhantes."

Ela o encarou em silêncio por longos segundos.

— "Deixe-me ver se entendi..."

Ela tirou os óculos, esfregando os olhos com os dedos.

— "Você leva alguém só pra… fazer parte desse teatro? Para enganar a suposta pretendente do seu irmão, para ver se reconhece ele ou você e se está interessada só no seu status?"

Ele assentiu, sem um pingo de arrependimento na expressão.

— "Exatamente."

Ela respirou fundo, por um instante, pensou em como tudo aquilo parecia insano, machista, imoral. Mas, também não podia negar que parte dela estava curiosa sobre como aquele jogo funcionava, sobre o fim e resultado disso.

— "E... o que você quer de mim, qual o sentido de me revelar isso?"

— "Quero que seja minha acompanhante. Só por uma noite e um dia, no teste."

— "E Sexo com seu irmão faz parte do pacote?"

Ela perguntou com o tom mais irônico possível.

Sebastian sorriu, aquele sorriso de canto que ela já começava a reconhecer como um aviso.

— "Só se você quiser."

Ela riu, incrédula.

— "Você realmente acha que eu aceitaria?"

— "Acho que você gosta de desafios."

Nice o encarou. No fundo, ela sabia que estava entrando em um jogo perigoso, mas, por algum motivo, se viu tentada a aceitar, estava cansada de dizer não para tudo na vida.

— "Uma noite e um dia. Sem envolvimento emocional, sem sexo com estranhos e sem fazer nada sem o meu consentimento."

— "Fechado, eu te aviso quando marcar com meu irmão."

Ambos sabiam que estavam mentindo, mas naquele momento, parecia a solução perfeita.