A primeira impressão que Kieron teve ao entrar em Blackhollow foi o som — ou a ausência dele. Nem o sussurro do vento nas árvores, nem o canto dos pássaros. As folhas não farfalhavam, e até o cascalho sob seus pés parecia afundar em silêncio. A cidade era real, mas se sentia como uma memória prestes a se apagar.
A placa enferrujada à entrada dizia: "Blackhollow – Onde as Estações Dormem."
A estrada levava direto ao centro, onde uma praça triangular abrigava uma igreja abandonada, um coreto rachado e uma escultura de três crianças de mãos dadas — mas o rosto de uma delas estava arrancado.
Lia o acompanhava, mesmo contra as ordens do homem do terno. Ela não confiava neles — e também não deixaria Kieron sozinho depois do que haviam enfrentado.
— Eles disseram que três desapareceram — murmurou ela, os olhos varrendo as janelas opacas das casas. — Mas que um voltou. Que tipo de gente volta sem uma sombra?
Kieron tirou o colar do bolso. Evelyn nunca o deixaria por completo, ele sabia disso.