O hospital Saint Elric parecia ainda mais vivo à luz da madrugada do que sob o peso do tempo. As sombras se moviam como se respirassem, e as paredes, cobertas de mofo e lembranças, pareciam pulsar com uma memória própria. Kieron manteve os dedos firmes sobre o colar que Evelyn lhe deixara — um pequeno cristal azulado que vibrava sutilmente quando almas se aproximavam. Naquele momento, ele pulsava como um coração em desespero.
O médico — ou o que restava dele — observava-o do centro da sala 24, parado como uma estátua esquecida pela morte. Tinha um jaleco rasgado, e em seu rosto os olhos haviam sido substituídos por costuras, como se o próprio mundo tivesse decidido que ele já não merecia ver. Sua boca tremia num esboço de sorriso.
— Você sente, não sente? — a voz do médico era grave, quase um sussurro feito de poeira e confissão. — A barreira está fina demais. Eles querem atravessar.
Kieron inspirou fundo. A presença ao seu redor era sufocante. Cada passo parecia afundar no chão.
— O